Jornalista
Lucélia Muniz
Ubuntu
Notícias, 19 de janeiro de 2025
@luceliamuniz_09 @ubuntunoticias @thiaagocordeiro
E Dr Thiago Lima Cordeiro deu um depoimento numa matéria exclusiva para o Ubuntu Notícias. Recém-formado em Medicina foi difícil conseguir um espaço em sua agenda. Resolvendo a parte da documentação que é cheia de burocracias, ele achou um tempinho para nos enviar seu depoimento que vocês conferem a seguir:
Meu nome é Thiago Lima Cordeiro, tenho 25 anos, filho de Erisvan Santana Cordeiro e Rozineide Leite Lima Cordeiro. Sou médico, natural de Crato-CE, mas morei por toda minha infância e adolescência em Nova Olinda-CE. Minha carreira acadêmica se iniciou no Centro de Educação Básica-CEB, onde cursei até o 5º ano do ensino fundamental; sendo transferido para o Colégio Avelino Feitosa, no qual finalizei o ensino fundamental. No Ensino médio, iniciei meu 1º ano na Escola Estadual Padre Luís Filgueiras em 2014; neste mesmo ano, finalizou-se a construção da Escola Profissional Wellington Belém de Figueiredo, para a qual me inscrevi no processo seletivo para o curso de Edificações, sendo aprovado.
Desde então, sempre tive o desejo de cursar Engenharia Mecânica, pois conhecer o funcionamento das máquinas e projetar modelos mecânicos era algo que prendia minha atenção; todavia, neste mesmo ano, devido a problemas de saúde, minha avó paterna, Maria de Lourdes Santana Cordeiro, a qual sempre me incentivou e me apoiou em meus “projetos de engenharia”, veio a falecer.
Todo o processo envolveu dias de internamento no Hospital Regional do Cariri-HRC, dos quais, em alguns, fui visitá-la; lá, além de deparar-me com sua condição debilitada e fragilidade humana dos demais pacientes internados, tive contato com vários profissionais médicos durante as visitas, sendo esta minha primeira experiência com o meio médico.
Desde então, a imagem de minha vó debilitada, necessitando de máquinas para sobreviver e sob cuja vida estava nas mãos de profissionais médicos; houve uma “virada de chave” em mim, onde comecei a pensar na possibilidade de algum dia tornar-me médico. Poder assim, ajudar pessoas e seus familiares que, como minha avó, tanto precisavam de bons profissionais que lhes pudessem curar e, quando não, conferir uma morte digna, amenizando suas dores e sofrimentos.
Bem, foi assim que tudo começou, talvez por ironia do destino, após sua morte em 21 de novembro de 2014, eu decidi ter um novo começo, tornar-me médico e poder ajudar pessoas como minha avó.
No ano seguinte, em 2015, 2º ano do ensino médio, comecei a preparar-me para o vestibular de Medicina, pois sabia que não seria fácil e que demandaria muito esforço e dedicação. Foram noites de estudo, finais de semana perdidos e momentos de confraternização ausentes. Apesar disso, tal esforço não foi suficiente, ao finalizar o ensino médio no final de 2016, não obtive nota suficiente para passar na seleção; mas isso já era, de certo modo, esperado. Dito isso, era hora de reorganizar-me e seguir perseverando; conversei com meus pais, cujo apoio sempre fora incondicional, e iniciei em um cursinho preparatório no Crato-CE, com bolsa de 50% e direito à bolsa integral em especificas de Redação e de Matemática (afinal, apesar de não ter obtido nota suficiente para ser aprovado no curso, meu esforço foi recompensado com uma nota razoável, a qual me conferiu tais descontos nos Cursinhos Preparatórios).
E mais um ano de preparação se passou; fiz o Enem em 2017 e aguardei o resultado no ano seguinte; por ironia do destino, acabei ficando por uma vaga no processo seletivo de 2018.1 para o Curso de Medicina na faculdade em que eu queria cursar (Universidade Federal do Cariri–UFCA); e mais uma vez voltei ao cursinho preparatório, para tentar mais um ano... Apesar de não ser um católico assíduo, sempre acreditei em Deus e tive ciência de que as coisas acontecem no seu devido tempo e à sua maneira.
No meio do ano de 2018, o processo seletivo foi reaberto e mais uma vez me inscrevi no SISU 2018.2 (Sistema de Seleção Unificada) para Medicina na UFCA; por ironia do destino, ou mesmo capricho do universo, a Universidade adotou sistema de pesos, minha nota caiu bastante, e mais uma vez fiquei por uma vaga de ser chamado.
Foi então que a prudência de meus pais falou mais alto e eu, então, me inscrevi para o curso em outra universidade. Fui aprovado pelo Prouni em uma Faculdade de Medicina em Campina Grande-PB, onde fiz minha matrícula e até aluguei apartamento; mas sempre com esperança e desejo de cursar na Universidade em que sonhei desde o início. Foi aí que surgiu a reabertura da lista de espera da UFCA, pois alguns candidatos haviam faltado a entrega de documentação para inscrição, e lá estava eu, faltando à primeira semana de aula em Campina Grande, esperando o resultado da UFCA, o qual finalmente veio favorável. Aprovado em Medicina na UFCA!
Desde então foram vários percalços, noites em claro estudando, finais de semana revisando assuntos em casa, ausência em datas comemorativas familiares, perda de momentos importantes com amigos, estresse com a rotina dos hospitais, entre muitas outras coisas.
Coisas estas que se tornam pequenas diante da realização de um sonho, diante da possibilidade de viver o que planejei para minha vida e diante da possibilidade de poder retribuir para a comunidade o conhecimento e a dedicação que me foi investida pelos meus pais, amigos e professores.
Pequena diante das amizades que construí, das experiências e dos conhecimentos que obtive, tudo isso foi e é indispensável para o processo que é ‘Tornar-se Médico’, inclusive, a Pandemia de Covid-19 que se instaurou em 2020 e que atrasou minha graduação em 07 meses (tudo é no tempo de Deus!). Foram mais de 9.080 horas dedicadas ao curso de Medicina, sem contar com os estágios extracurriculares, nos quais passei mais de 72 horas de plantão e que somados ultrapassam as 1.000 horas; nos plantões noturnos que acompanhava colegas médicos, entre outros... E então, enfim me formei. Colei grau no dia 15 de janeiro de 2025, tornei-me Médico pela UFCA, não só no curso que sonhei, mas na Universidade que escolhi representar, da qual tenho imenso orgulho por fazer parte!
Bem, esse é mais ou menos o resumo da minha história, história esta que segue em construção... Gostaria de finalizar este relato parafraseando o escritor Fernando Pessoa com um trecho de seu poema Mar Português, “tudo vale a pena se a alma não é pequena”.
Então, lute pelos seus sonhos, tenha fé, foco e objetivo,
persevere, pois sem dúvidas uma hora tudo dará certo! Seja sempre grato e
construa boas amizades, pois nada seria possível sem o apoio de familiares e
amigos, são eles que nos dão forças para seguir em frente e quem nos amparam
nos momentos mais difíceis.
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