Jornalista
Lucélia Muniz
Ubuntu
Notícias, 27 de outubro de 2024
@luceliamuniz_09 @ubuntunoticias @peluis_plf
Fotografia @rafael.ferreiradasilva_
Na manhã do sábado (26), professores e gestão da EEMTI Padre Luís Filgueiras de Nova Olinda participaram de uma Roda de Conversa com a Professora Cícera Nunes da Universidade Regional do Cariri-URCA. Esta é Pedagoga, Doutora em Educação e membro do NEGRER- Núcleo de Estudo e Pesquisa em Educação, Gênero e Relações Étnico-Raciais.
A mediação foi do Professor Nicolau Neto que a apresentou e
discorreu sobre as Leis 10.639/2003 e 11.645/2008 e sua importância para a
Educação e uma Escola antirracista.
[A Lei nº 10.639/2003 é uma lei federal que alterou a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) para tornar obrigatório o ensino
da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas do país].
[A Lei 11.645/2008, sancionada em 10 de março de 2008, tornou obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, públicos e privados].
A pauta foi abordada a partir do tema “O perigo do racismo” numa abordagem da Educação para a diversidade e a pluralidade. A Professora Cícera frisou a Disciplina ‘Educação e Cultura Afrodescendente’ dos cursos de graduação e sua forma de trabalhar as Relações Étnico-Raciais. Bem como, ressaltou a importância de uma relação colaborativa com a Educação Básica via Programas do Governo numa parceria escola/universidade.
A Professora Cícera enfatiza que o Cariri é um território quilombola. “Não existe Brasil sem a África... é preciso ressignificar o território”, disse. Daí ela destaca a importância da ampliação da visibilidade nas escolas da Educação Básica começando pela gestão com o comprometimento institucional.
Sugeriu uma mudança de comportamento, uma ação coletiva, a criação de políticas afirmativas, cumprindo a LDB-Lei de diretrizes e bases da educação nacional. Inclusão da pauta no Projeto Político Pedagógico (PPP) da Escola e no Regimento Escolar, tornando a discussão mais permanente nos espaços de formação dos professores.
Outro aspecto abordado foi sobre o Letramento Racial passando pelo significado que a comunidade dá a territorialidade, dos estudos feitos a partir da genealogia, da ancestralidade. Onde o letramento racial pode ser trabalho através da música, das religiões, da nossa linguagem, do estudo do pensamento negro na História do Brasil.
“Vejo o coletivo como espaço de diálogo e formação”, ressaltou Samara Macedo, coordenadora escolar. Esta se referiu aos espaços onde os professores podem estar estudando e traçando ações sobre a temática.
Na ocasião, assistimos o vídeo do Canal Preto, intitulado ‘O racismo é perigoso para a educação das crianças’. Neste vídeo, Benilda Brito, Pedagoga e Mestre em Gestão Social, fala sobre o processo educacional das crianças negras no Brasil, ainda muito marcado pelo racismo estrutural. A pedagoga explica como a discriminação contribui diretamente no processo de aprendizagem destes alunos, tendo como uma das consequências o baixo rendimento escolar. “O racismo é uma violência que não vai sair da sua cabeça.” - Benilda Brito.
“O racismo é um sistema de poder que gera desigualdade, não é preconceito”, ressalta a Professora Cícera Nunes. Ela ainda citou iniciativas como a do GRUNEC-Grupo de Valorização Negra do Cariri que mapeou as comunidades quilombolas do Cariri; e do trabalho da instituição ‘Terreiro das Pretas’.
Como encaminhamento da Roda de Conversa, esta sugeriu criar um núcleo para acompanhar as questões antirracistas como blogs, rádio, artes, músicas, acervo de livros, linguagem, formação, banco de imagens, discussão transversal, com a participação dos estudantes e produção destes.
Concluiu nos falando sobre alguns espaços de produção do conhecimento,
a exemplo do NEGRER e do Blog Negro Nicolau.
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