Jornalista
Lucélia Muniz – Reg 0004886/CE
Ubuntu
Notícias, 31 de julho de 2024
@luceliamuniz_09 @ubuntunoticias @mariaviana6476
Por Nicolau Neto, editor do Blog Negro Nicolau
A agricultora Maria Viana Sousa, conhecida popularmente por Linda, residente no município de Assaré, no interior cearense, foi vítima de racismo. Maria, mãe de 5 filhos, totalmente consternada, divulgou em suas redes sociais as palavras que ouviu sobre ela após se manifestar politicamente. No vídeo que foi publicado na manhã do domingo, 28, ela inicia pedindo ajuda e destaca que “está passando por um momento triste” e “vergonhoso”.
Maria ficou sabendo das ofensas racistas quando abriu o áudio de, segundo a própria, Aglailson (cometido por este). Nele, a vítima destaca que está nas redes sociais “como uma negra sem vergonha; como uma negrinha que merece ir para o tronco; como uma pessoa que não tem critério nenhum”.
Para Linda, o que lhe deixa mais triste é saber que essa pessoa “é feita da mesma matéria que um negro. Isso está me deixando com o psicológico muito afetado.” Ela conta que está com “trauma de abrir áudio no celular” e relata a reação dos filhos. “Foi muito horrível a tristeza dos meus filhos olhando pra mim e vendo o quanto tem pessoas insensatas, insensíveis”, descreve. Ainda conforme a vítima, o Aglailson teria afirmado que ela, negra, deveria “ir para o tronco e levar vinte chibatadas”.
Linda pediu “humildemente” e “urgentemente ajuda” e frisa que isso está lhe matando e que “está desmoralizada demais”, não tendo “coragem de sair na rua por causa dos áudios”. Mencionou que há parte ainda pior, a qual não quis relatar.
Maria gravou outro vídeo e publicou no seu perfil no Instagram onde agradece o apoio recebido. Clique aqui para assistir.
Repercussão
Após a divulgação da denúncia de Maria, diversos coletivos e movimentos sociais, sobretudo negros e feministas, lançaram nota de repúdio.
Confira abaixo a NOTA
Nós, da Assessoria de Políticas Públicas para Promoção da
Igualdade Racial e do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial -
Crato - Ceará, manifestamos nosso veemente repúdio ao crime de racismo
recentemente ocorrido em nossa região, tendo como suspeito Aglailson Vieira.
A vítima desse ato abominável é uma mulher, mãe de cinco filhos e
agricultora, reconhecida na cidade de Assaré como uma pessoa de bem e de boa
índole. Tal crime atinge não apenas a vítima direta, mas toda a sociedade, uma
vez que fere a dignidade humana e viola os princípios fundamentais da
Constituição Federal de 1988, que assegura a igualdade de todos perante a lei,
sem distinção de qualquer natureza, e garante a inviolabilidade dos direitos à
liberdade, à igualdade e à segurança.
Destacamos que o racismo é um crime inafiançável e imprescritível,
conforme previsto no artigo 5º, inciso XLII, da Constituição Federal, e
regulamentado pela Lei nº 7.716/1989, que define os crimes resultantes de
preconceito de raça ou cor. Além disso, a Lei nº 14.532/2023 equipara o crime
de injúria racial ao de racismo, reforçando a necessidade de uma resposta
jurídica severa e eficaz contra essas práticas.
Diante disso, exigimos que as autoridades competentes adotem, com
urgência, as medidas jurídicas necessárias para a apuração rigorosa dos fatos e
a responsabilização dos envolvidos. É imprescindível que o Ministério Público
atue prontamente na investigação e oferecimento da denúncia, garantindo que o
autor deste crime seja punido exemplarmente, conforme determina a legislação
vigente.
Reiteramos nosso compromisso com a promoção da igualdade racial e
com a construção de uma sociedade justa e livre de discriminações. Não podemos
tolerar qualquer forma de racismo ou preconceito em nossa comunidade. A justiça
deve prevalecer, e os direitos de todos devem ser respeitados e protegidos.
Crato, 28 de julho de 2024.
Assinam esta nota:
Assessoria de Políticas Públicas para Promoção da Igualdade
Racial- Crato
Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial-Crato
Grupo de Valorização do Cariri-GRUNEC
Terreiro das Pretas
Blog Negro Nicolau
Projeto Oliveiras
EducaErê
CCDS-Crato
Conselho Municipal dos Direitos da Mulher Cratense-CMDMC
Associação Cristã de Base - ACB
Associação Nordestina de LGBT
Associação Cearense de Diversidade e Inclusão.
Frente de Mulheres do Cariri
UNEGRO
Coletivo Mulheres do Mutirão
UBM- União Brasileira de Mulheres
Núcleo de História e Cultura Afro Indígena e Africana (NIAFRO)
Grupo de Estudo e Pesquisa em História Afrodiaspórica (GEPAFRO)
Portal de Comunicação do Cariri Oeste-Ceará: Ubuntu Notícias
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