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Notícias, 02 de outubro de 2023
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O texto que iremos conferir nesta
matéria é de autoria do Prof. Pedro Virgínio P. Neto, graduado em História,
Filosofia e especialista em Psicopedagogia e Gestão escolar. Este ainda é
editor do Blog Psico.Sophia: Roteiros de Aprendizagem - Reflexões filosóficas e
psicopedagógicas sobre Ensino, Aprendizagem e Desenvolvimento Humano. e
Os desafios da Educação em face da neurodiversidade: considerações sobre o Autismo
O avanço dos estudos em neurociências tem possibilitado compreender mais ampla e profundamente os processos de desenvolvimento e aprendizagem humanos. Esses estudos têm demonstrado que algumas pessoas não seguem a rota típica do neurodesenvolvimento, apresentando diferentes modos de perceber, de interagir e de apreender a realidade. São os neurodivergentes.
São indivíduos que tem um desenvolvimento neurobiológico atípico e apresentam "características de funcionamento cerebrais diferenciadas em relação ao que se aceita como padrão".
Defendem alguns pesquisadores que essas neuroatipias não devem ser consideradas como doenças, pois não estão sujeitas a intervenções de cura. Devem, antes, ser entendidas como "modos específicos de ser" que representam, também, diferentes modos e ritmos de aprendizagem.
Entender esses diferentes modos e ritmos é importante para que possamos desenvolver e aplicar métodos de ensino e avaliação mais adequados ao desenvolvimento dos potenciais de aprendizagem dessas pessoas.
Dentre esse conjunto de neuroatipias destaca-se o Transtorno do Espectro Altista (TEA), o qual é definido como um "Transtorno do neurodesenvolvimento", que afeta áreas do cérebro relacionadas à comunicação social, linguagem e comportamentos.
A primeira grande barreira a ser enfrentada é a do diagnóstico. Estima-se que haja no mundo mais de setenta milhões de pessoas com TEA. No Brasil, estima-se algo em torno de seis milhões. Fato é que o número de diagnósticos é crescente e a presença de pessoas com TEA nos mais diferentes ambientes é notável. Decorre daí a necessidade de uma maior atenção de famílias e educadores para a percepção dos sinais característicos do TEA, tendo em vista a promoção da inclusão social e pedagógica desses indivíduos.
Caracterizando o
Autismo
O Manual de Diagnóstico e estatístico de Transtornos mentais de 2014 (DSM-V) aponta como sendo características do Transtorno do Espectro Autista a presença de déficits persistentes no campo da comunicação, da interação e reciprocidade social. Bem como padrões restritos e repetitivos de comportamento e interesses.
O espectro é um continuum, como uma régua, que inclui sintomas que vão de manifestações leves a severas. O DSM-V inclui nesse espectro o Transtorno Autista, o Transtorno de Asperger e o Transtorno global do desenvolvimento. Uma avaliação precisa de cada caso deve, pois, ser feita por profissionais competentes. São Transtornos diferentes, mas postos pela referida obra sob um mesmo “guarda-chuva”, posto que a pesar das diferenças, muitos são os sinais em comum.
Sinais a serem
observados
Para tornar a observação mais fácil,
reuni alguns dos sinais mais indicativos da pessoa com TEA, de acordo com
publicações especializadas. Evidentemente um mero checklist não nos habilita
para emitir diagnósticos. Mas pode guiar o olhar do observador comum, sejam
professores ou familiares, para perceber os sinais característicos do TEA:
- Atraso na aquisição da linguagem e
da fala;
- Pouca ou nenhuma manutenção de contato
visual;
- Isolamento social persistente em
relação às pessoas de sua própria idade;
- Muita sensibilidade a sons e
texturas ou outros estímulos;
- Comportamentos repetitivos e pouco
comuns;
- Interesses restritos e persistentes
por coisas muito específicas;
- Comunicação sempre voltada para
atender necessidades imediatas, sem intuito de socialização;
- Manipulação das mãos ou dos dedos de
modo incomum;
- Comportamentos ritualizados,
repetitivos;
- Organização padronizada de objetos;
- Focalização e manipulação de objetos
por longos períodos de tempo;
- Ausência incomum de "sorriso
social";
- O sorriso que visa tão somente o
contato social;
- Tendência a demonstrar excelente memória para determinados tipos de informação relacionada ao seu restrito campo de interesse.
Esses são alguns sinais comumente observados no comportamento das pessoas com TEA. Contudo, cada indivíduo é único e nem todos apresentam todos estes sinais em seu comportamento. Com o próprio desenvolvimento da criança habilidades vão sendo desenvolvidas e podem minimizar e controlar alguns desses comportamentos, compensando esses déficits.
O diagnóstico precoce é de grande importância, posto que muitos desses sinais manifestam-se já nos primeiros meses de vida da criança e vão se tornando mais evidentes ao longo do primeiro e segundo anos.
Para tanto se faz necessário o olhar atento dos pais, familiares e dos professores no ambiente escolar, para que os encaminhamentos possam ser feitos aos profissionais competentes para o diagnóstico correto.
Em suma, que a neurodivergência não seja encarada como sinônimo de incapacidade e que as pessoas portadoras de tais transtornos, inclusive o TEA, encontrem a oportunidade para o seu pleno desenvolvimento, na dimensão das suas peculiaridades.
Referências
DSM 5, 5ª Edição. <<https://www.institutopebioetica.com.br/documentos/manual-diagnostico-e-estatistico-de-transtornos-mentais-dsm-5.pdf>>.
Acesso em 21 de setembro de 2023.
Guia de informações sobre TEA. Edições
INESP, 2018. Câmara Legislativa do Estado do Ceará.
Artigo muito válido e interessante 👏🏽👏🏽 parabéns pelo texto.
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