Ubuntu Notícias, 18
de maio de 2021
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Autor: Me. Tom Jones da
Silva Carneiro
Via Curso Educação para
as Relações Étnico-Raciais
POVOS CIGANOS
São povos itinerantes em sua essência, entretanto, há populações em situação de seminomadismo e sedentariedade (quando tem residência fixa). O Decreto Nº 6.040, de 7 de fevereiro de 2007, que institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, define Povos e Comunidades Tradicionais como grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição.
Nesse sentido, os povos ciganos entram no grupo desses povos, merecendo atenção diferenciada e garantia de direitos específicos. Assim, a escola também deve se adequar, no sentido de acolher, sem nenhum tipo de embaraço, essas populações diferentes. Isso já garante a Resolução CNE Nº 3, de 16 de maio de 2012, que define diretrizes para o atendimento de populações em situações de itinerância. Uma vez acolhida na escola, essa população também tem o direito à valorização de seus saberes tradicionais, como sua língua específica, seus modos de vida, suas práticas alimentares, sua visão de mundo.
Embora as informações acerca dos povos ciganos sejam incipientes, a teoria mais aceita, atualmente, é que esses povos têm origem na Índia e que se espalharam pelo mundo, chegando à Europa, Norte da África, América e Austrália. Estão presentes no Brasil as etnias Rom, Sinti e Calon. Esta última é a única presente no estado do Ceará. Estima-se que a etnia Calon é originária da Espanha e de Portugal e com grande expressão em todo o território brasileiro.
Os Sinti chegaram ao Brasil vindos da Alemanha e França, principalmente, depois da 1ª e 2ª Guerras Mundiais e entre os Rom brasileiros predominam os Kalderash, Machwala e Rudari, originários da Romênia. O primeiro registro oficial da chegada dos ciganos ao país data de 1574, quando um decreto do governo português deportou o cigano João Torres e sua esposa Angelina para o Brasil por cinco anos.
Dados da Pesquisa de Informações Básicas Municipais (MUNIC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2011, estimam que mais de 500 mil ciganos vivam em todo o país. Eles estão divididos em 291 acampamentos. Existem acampamentos ciganos em 21 estados: Bahia (53), Minas Gerais (58) e Goiás (38) são os estados com maior número de grupos de ciganos.
No Ceará, encontramos comunidades ciganas nos municípios de Caucaia, Sobral e Limoeiro do Norte. Acredita-se que haja ciganos em outros municípios. Mais uma vez os dados não são conclusivos devido ao fato de ainda não haver um mapeamento oficial da localização dessa população no Ceará.
Os ciganos de Sobral residem nos bairros do Alto Novo, Sumaré e Pantanal. Os números populacionais, mais uma vez, não são precisos. Bessa (1999, 2001) apresenta um número em torno de 26 famílias e 162 indivíduos. Numa reportagem foi mencionada uma população de aproximadamente 500 ciganos (DIÁRIO, 2005). Há também um grupo de sete famílias no bairro da Cidade Alta, em Limoeiro do Norte, mas também podem ser encontrados Ciganos na cidade de Jaguaruana (SILVA, 2009).
Segundo o presidente da Associação de Preservação da Cultura Cigana do Estado do Ceará – ASPRECCE -, o cigano calon Rogério Ribeiro: “não há registro formal sobre a quantidade exata de ciganos em nosso estado, estamos mapeando as comunidades através de visita aos territórios. No Distrito de Catuana, municípios de Caucaia, são 20 (vinte) famílias e na sede de Caucaia, 3 (três) famílias”.
O CALENDÁRIO CIGANO
O dia 25 de maio é o dia Nacional dos Povos Ciganos e coincide com o dia em que se celebra Santa Sara Kali, a padroeira universal dos povos ciganos. A ASPRECCE organizou na cidade de Caucaia o I Encontro dos Povos Ciganos do Ceará com expressiva participação dessa população. Na oportunidade, foi discutida a situação dos povos ciganos identificados no estado do Ceará, bem como estratégias de acesso a políticas públicas. Uma das questões recorrentes, e que necessita da ação escola, foi a necessidade da diminuição do racismo e da propagação de estereótipos.
Os ciganos, ao longo dos séculos, têm sido vistos erroneamente como ladrões e trapaceiros. Esse estereótipo tem contribuído com o apagamento da importância dessa população na formação da identidade brasileira, pois os forçou a permanecer à margem da sociedade. O resultado tem sido a manutenção de pessoas ciganas não alfabetizadas e/ou sem formação superior além da dificuldade de acesso ao mercado de trabalho e ainda sem poder ascender socialmente.
Além do Dia Nacional do
Cigano, os ciganos comemoram outras datas também importantes em seu calendário
de lutas e conquistas, o Dia Internacional dos Romani, em 8 de abril e o Dia
Internacional em Memória do Holocausto Cigano, em 2 de agosto. O Dia Internacional
do Romani (Ciganos) foi instituído pelo Primeiro Congresso Mundial dos Romani,
em abril de 1971, com a participação de ciganos de 14 países.
(...)
O Dia em Memória do
Holocausto Cigano em 2 de Agosto, relembra os ciganos que, como os judeus,
também sofreram os horrores da II Guerra Mundial. O resgate desta história,
feito nas últimas décadas, revela que no período de 1939 a 1945, homens e
mulheres romani foram sistematicamente perseguidos, presos, enviados a campos
de concentração, utilizados em “experimentos médicos” e assassinados. Após a II
Grande Guerra, os cerca de 500 mil ciganos que sofreram com esses horrores
foram praticamente esquecidos inclusive dos anais da história. Essa data,
portanto, é importante por resgatar essa memória tão esquecida ao longo dos
séculos.
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