14/03/2021

FAZER, SER E TORNAR-SE Por Pedro Virgínio

Lucélia Muniz

Ubuntu Notícias, 14 de março de 2021

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Por PEDRO VIRGÍNIO P. NETO – Professor, Licenciado em História com formações complementares em Filosofia, Psicopedagogia, Docência e Gestão escolar

Blog - "ENTRE LIVROS E IDEIAS"!

O orgulho é uma das maiores armadilhas em nosso caminho, e ele se alimenta dos feitos realizados no passado. Olhar para o que podemos ainda realizar no futuro nos motiva a seguir, no presente, em constante aperfeiçoamento.

Dificilmente encontraremos uma criança bem pequena tomada de alguma forma de orgulho prepotente, fundado sobre uma convicção pessoal de SER: "Você sabe quem SOU EU?"

Na perspectiva da criança, o passado é uma dimensão muito vaga. O futuro se apresenta como uma possibilidade diáfana. Quase irreal. Ela, a criança, é um ser aberto para as experiências do presente. Experiências estas que vão possibilitando seu desenvolvimento e aprendizagens. Nesse sentido, podemos dizer que a criança é humilde. Não está apegada à convicção de si mesma, como alguém que já está pronta, aperfeiçoada. Não traz apego aos feitos do passado nos quais ancoraria seu próprio valor e seu próprio orgulho de SER alguém.

Nós, adultos, sobretudo ao atingirmos um certo grau de maturidade mental e de estabilidade, seja profissional ou econômica, decorrentes, sem dúvida, de um caminho percorrido de experiências, aprendizagens e feitos realizados, tendemos a cair na ilusão de SER. De ter atingido o auge das nossas possibilidades, seja naqueles aspectos mencionados anteriormente ou mesmo no que diz respeito à formação de nossa própria personalidade.

O auge real (supondo que ele exista) é um lugar de morte. Uma zona de conforto. Um lugar em que o sentido de todo o movimento cessa.

O olhar, nesse ponto, se volta para o passado, para os feitos da subida. Daí pode nascer o orgulho.

Paradoxalmente, contemplando os feitos do passado, o sujeito começa a ignorar seu próprio potencial de vida inexplorado, bem como as possibilidades de feitos futuros.

Nesse ponto, psicologicamente, o passado se torna a verdadeira realidade para esse sujeito que passa a ser revivido constantemente em seus pensamentos. O presente, passa a representar um ponto de chegada, associado ao momento mesmo em que se estabeleceu em determinado patamar profissional, de riqueza material ou de conhecimento. O futuro como campo de possibilidades instigantes parece ser tragado pelo presente imaginado perfeito.

Por isso, manter a consciência viva de que somos seres em constante formação, inacabados e abertos para o aprendizado e para novas realizações, é um dos melhores antídotos contra a desmotivação, a falta de sentido e o orgulho prepotente de SER.

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