22/08/2020

A depressão e a ansiedade já estavam nas empresas antes da pandemia

Lucélia Muniz

Ubuntu Notícias, 22 de agosto de 2020

@luceliamuniz_09 @ubuntunoticias @agenciaclick__

Via E-book da Empresa Total Pass

Profissionais de RH há anos notaram que os casos de afastamento por problemas psicológicos como depressão, ansiedade, Burnout, entre outros, está aumentando exponencialmente. O recente estudo da IBM – How technology and data can improve access to mental health resources – apontou que mais de 10% da população mundial são afetadas por problemas mentais. São cerca de 1 bilhão de pessoas.

O problema é que, com a pandemia, o número de casos de depressão dobrou, segundo estudo conduzido pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), em parceria com a Universidade de Yale (EUA). A pesquisa apontou que, desde o início da pandemia de Covid-19, os casos de depressão praticamente dobraram, enquanto os de estresse e ansiedade aumentaram 80%. Nos Estados Unidos, o Centro Nacional de Estatísticas da Saúde comprovou que 1/3 da população já sofre de depressão e ansiedade durante a quarentena, quadro agravado não apenas pela insegurança quanto à saúde, mas também à econômica (o que vale para o Brasil também, que já vivia um quadro econômico nada favorável antes do coronavírus).

Por isso, muita gente que nunca pensou em procurar ajuda profissional de psicólogos e psiquiatras começou a rastrear a internet em busca de ajuda online, seja por consultas via ferramentas como Skype, Meeting, Zoom, entre outras, ou mesmo por aplicativos, como os de meditação.

O problema maior se concentra na parcela da população que, por desconhecimento ou medo do estigma que persiste nos problemas psicológicos, simplesmente não procure ajuda durante a pandemia. Isso significa que, ao voltarem ao trabalho, levarão consigo uma carga de problemas não resolvidos. Há especialistas que já falam em transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), um quadro comum após grandes desastres, como guerras, terremotos, sequestros etc. Uma pesquisa publicada pela revista The Lancet, a maior publicação científica do mundo, em março, relembrou que durante a epidemia de SARS, em 2002, 29% dos pacientes apresentaram sintomas de estresse pós-traumático, enquanto 31% tiveram depressão.

Vale aqui uma ressalva: muita gente confunde a depressão, normal na vida de qualquer ser humano, com a depressão clínica (ou crônica), que demanda tratamento psiquiátrico e psicológico. A depressão (tristeza) faz parte da vida tanto quanto a alegria e os bons sentimentos. Ficamos tristes quando algo adverso acontece, mas isso passa e continuamos a vida. Mas quando os sintomas de depressão persistem por mais tempo e afetam a forma de viver da pessoa, é preciso, sim, de ajuda profissional.

Os sintomas mais comuns da depressão (a doença) são:

- Humor triste, ansioso ou “vazio” persistente;

- Sentimentos de desesperança, luto ou pessimismo;

- Irritabilidade;

- Sentimento de culpa, inutilidade ou desamparo;

- Perda de interesse ou prazer pela vida, hobbies e atividades;

- Diminuição da energia ou fadiga;

- Mover-se ou falar mais devagar;

- Sentir-se inquieto ou ter problemas para ficar sentado;

- Dificuldade de concentração, lembrança ou tomada de decisões;

- Dificuldade para dormir, despertar de manhã cedo ou dormir demais;

- Apetite e/ou alterações de peso;

- Pensamentos de morte ou suicídio, ou tentativas de suicídio;

- Dores, dores de cabeça, cólicas ou problemas digestivos sem uma causa física clara e/ou que não se aliviam mesmo com o tratamento.

Mais de alguns destes sinais (não todos), todos os dias, durante mais de duas semanas, já é um grande sinal de alerta. Por isso, mesmo distante dos colaboradores, a importância do profissional de RH redobra, até mesmo para que essa volta ao “novo normal” que, na realidade, ninguém sabe ao certo como será, aconteça da melhor forma possível, oferecendo ferramentas e orientações para que as pessoas comecem a se cuidar o quanto antes. A retomada não será apenas econômica, mas também mental.

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