Lucélia Muniz
Ubuntu Notícias, 19 de junho de 2020
Com Informações da Assessoria de
Comunicação da EPUCA [@ascomepuca]
Um Projeto de Lei de Iniciativa Popular apresentado pela
Escola de Políticas Públicas e Cidadania Ativa - EPUCA, organização da
sociedade civil sem fins lucrativos, pretende proibir que a Administração
Pública do Crato, município integrante da Região Metropolitana do Cariri
cearense, com cerca de 130 mil habitantes, preste qualquer tipo de homenagem ou
exaltação ao golpe civil-militar ocorrido no Brasil em 1964 e ao período de
ditadura subsequente ao referido golpe.
Pela
iniciativa da EPUCA, "fica proibido atribuir a prédios, rodovias,
repartições públicas e bens de qualquer natureza pertencentes ou sob gestão da
Administração Pública Municipal direta e indireta, nome de pessoa que conste no
Relatório Final da Comissão Nacional da Verdade de que trata a Lei Federal nº
12.528/2011 como responsável por violações de direitos humanos, assim como
agente público, ocupante de cargo de direção, chefia, assessoramento ou
assemelhados e pessoas que notoriamente tenham praticado ou pactuado, direta ou
indiretamente, com violações de direitos humanos, durante o período da ditadura
militar".
Segundo
explica Joelmir Pinho, diretor geral da EPUCA, o texto constitucional de 1988,
em seu artigo 29, inciso XIII, preceitua que projetos de lei podem ser
propostos, também em âmbito municipal, por iniciativa popular, através de
manifestação de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado. Ele destaca ainda
que a Lei Orgânica do Município do Crato estabelece, em seu artigo 39, que “a
iniciativa popular de projeto de lei será exercida mediante a subscrição por,
no mínimo, cinco por cento do eleitorado do Município, da cidade, do bairro, do
distrito ou comunidade rural, conforme o interesse ou a abrangência da
proposta”.
Atualmente
o município do Crato possui 86.465 eleitores, de acordo com dados do Tribunal
Superior Eleitoral - TSE, o que significa que a iniciativa da Escola de
Políticas Públicas e Cidadania Ativa precisará receber a adesão de, pelo menos,
4.425 eleitores cratenses para ser acolhida pela mesa diretora da Câmara
Municipal do Crato. Joelmir Pinho explica que após a entrega da proposta pela
sociedade civil à Câmara, o projeto passará a tramitar normalmente no
legislativo municipal, cumprindo todas as etapas de análise e discussão a que
qualquer proposição legislativa está sujeita, até chegar ao plenário para
discussão final e votação. Se aprovado, o projeto seguirá para sanção do
prefeito municipal.
Joelmir
explica que, em função da pandemia do coronavírus, nesse momento não será possível
fazer a coleta física de assinaturas, como normalmente acontece nesses casos.
Contudo, acatando decisão do grupo de associados da EPUCA, foi iniciado no
último dia 18 um processo de coleta de assinaturas virtuais através da
plataforma Change, onde poderão ser obtidas mais
informações sobre a iniciativa, incluindo a íntegra do referido Projeto
de Lei de Iniciativa Popular. O diretor da Escola destaca que qualquer
pessoa com domicílio eleitoral no município do Crato poderá assinar o projeto
de lei proposto pela organização, bastando para isso acessar o endereço http://chng.it/pyXqPzdN6L. Ele lembra ainda a
possibilidade da iniciativa servir de inspiração para outros municípios e
destaca a importância da proposta ter origem na sociedade civil organizada e
vir através de iniciativa popular, "o que permitirá uma maior reflexão e
um diálogo mais amplo sobre o assunto", enfatiza.
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