Lucélia Muniz
Ubuntu Notícias, 28 de maio de 2020
Por Manoel Neto – Escritor e Poeta
Autor do Blog Literário De Letra em Letra
Quando
chove os
telhados
mudos
inventam
canções
em choros
agudos.
Os pingos
de chuva,
molhando as
matas,
atravessam
a manhã
em
serenata.
Quem mais
aproveitam
são os
passarinhos, e,
em cânticos
serenos,
se deitam
nos ninhos.
Quando
chove os meninos
se põem
todo enrolados
em lençóis
de seda
escutando
os telhados
que cantam
as serenatas
e as
sonatas e os hinos,
melodias
suaves para
se tirar
bons cochilos.
Não se sai
para a rua
e nem se
muda de rota
com medo de
se perder
alguma
estridente nota.
É mesmo
engraçado
quando a
chuva vem,
pois
ninguém diria que telhados
mudos
cantam tão bem.
Ninguém
pensaria que
eles sabem
embalar,
pois suas
notas pingadas
são canções
de ninar.
Quando
chove, enfim,
a vida toda
vira festança,
porém, aos
cânticos dos telhados
ninguém
dança.
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