Lucélia Muniz
Ubuntu Notícias, 11 de setembro de 2019
Via Instituto Vita Alere de Prevenção e Posvenção do Suicídio
No Festival Amarelo, a Dra. Karen Scavacini reforçou
a importância de falar sobre o tema e deu orientações para ajudar na prevenção
do suicídio. No Brasil, uma pessoa morre por suicídio a cada 45 minutos. É uma
das principais causas de morte entre jovens brasileiros de 15 a 29 anos. No
mundo, uma tentativa falha de tirar a própria vida acontece a cada 3 segundos.
A cada 40 segundos, uma tentativa se concretiza. São cerca de 800 mil pessoas
que entram na estatística do suicídio por ano.
É claro que o desejo é que não tivéssemos que
apresentar estatísticas tão fortes para abordar o tema, mas todos esses dados
são da Organização Mundial da Saúde (OMS) e servem de alerta para mostrar a
necessidade e a importância de falar sobre a prevenção do suicídio – e essa foi
a questão abordada pela Dra. Karen Scavacini, psicóloga e fundadora do Instituto Vita Alere de Prevenção e Posvenção do Suicídio, no Festival Amarelo, promovido pelo Instagram Brasil em
parceria com a CAPRICHO.
“São irmãs que choram porque seus filhos não vão ter
tio. Pais que choram porque não vão ser avós“, conta Dra. Karen, iniciando sua
fala sobre a experiência que tem diariamente com pessoas, no painel intitulado
“Por que precisamos falar sobre prevenção do suicídio?”. Muitas dessas pessoas
perguntam qual é exatamente a diferença entre a tristeza e a depressão, que
também é uma dúvida muito comum na população. Segundo a psicóloga, a primeira tem
um motivo, começo, meio e um fim. A tristeza é normal, parte do diverso
conjunto de sentimentos de todo ser humano. Já a depressão, não. “Ela vem mesmo
quando tudo está bem”, comenta.
Um psiquiatra é o especialista indicado para tratar a
depressão, mas um psicólogo pode ajudar a pessoa a entender como ela está se
sentindo e como ela pode passar por algumas situações. O importante é não achar
que pode lidar com a depressão sem ajuda. “Pra mim, a terapia é quase como
atravessar um inferno, acompanhado, com um rumo, sabendo que você vai chegar na
outra margem transformado e você vai se encontrar com a vida de outra forma”,
afirma a Dra. Karen.
De acordo com a psicóloga, os jovens que pensam em se
matar costumam ter vários motivos para isso: bullying, abuso de drogas,
gravidez na adolescência, violência, abuso, injustiça, desigualdade social,
entre outros. “A gente sabe que eles estão dentro do que nós chamamos de ‘3
Is’. Dentro de dores intermináveis que eles acham que não vão acabar nunca,
inescapáveis, que eles não veem outra saída, e insuportáveis, que eles não
aguentam mais”, explica.
Mas, afinal, o que você, que não é especialista na
área, pode fazer para ajudar na prevenção do suicídio? Dar atenção para o
assunto e para aquela pessoa que você sabe que está passando por uma situação
difícil, mesmo que ela não seja tão próxima do seu convívio. A Dra. Karen usou
a história de Kevin Hines, um homem que pulou da ponte Golden Gates e
sobreviveu, para exemplificar que o simples ato de demonstrar preocupação e interesse
no que uma outra pessoa está sentindo pode, sim, salvar uma vida. “Mesmo que a
gente não saiba exatamente o que falar ou como começar essa conversa, mesmo que
a gente não tenha palavras que tirem a dor dessa pessoa, a gente pode fazer
alguma coisa (…) Podemos perguntar“, diz.
Ajudar alguém que está passando por essa situação não
precisa ser necessariamente dar conselhos e orientações. Aliás, esse é o
trabalho de um profissional. O que você pode fazer é orientar a pessoa a
procurar uma ajuda médica, falar com os pais ou alguém de confiança. Escutá-la
com atenção e compartilhar informações sobre o assunto são os primeiros e
principais passos: “Dizem que o suicídio é um grito de socorro que não foi
ouvido a tempo, então vamos gritar para acabar com esse silêncio porque esse
silêncio mata (…) Precisamos falar sobre o suicídio porque, no silêncio, ele
cresce”.
Uma experiência única sobre promoção de saúde mental,
o Festival Amarelo aconteceu no dia 8 de setembro. Se você precisa de apoio
emocional, entre em contato com o serviço gratuito de prevenção do suicídio
CVV, o Centro de Valorização da Vida, através do telefone 188 ou do site www.cvv.org.br
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