Lucélia Muniz
Ubuntu Notícias, 21 de agosto de 2019
Por Demitri Túlio (Fonte: O Povo)
O
pesquisador cearense Renan Bantim, do Laboratório de Paleontologia da
Universidade Regional do Cariri, está entre os cientistas que descobriram a
nova espécie do réptil voador que habitou o território onde hoje é o estado do
Paraná.
Uma nova espécie de pterossauro, que habitou o Brasil entre 80 e 110
milhões de anos, foi descrita e apresentada à comunidade científica na
segunda-feira (19). O artigo, publicado na Revista da Academia Brasileira de
Ciências e que revelou a existência do Keresdrakon vilsoni ou “Dragão espírito
da morte” no território do Paraná, é assinado também pelo paleontólogo cearense
Renan Bantim – doutor e pesquisador do Laboratório de Paleontologia da
Universidade Regional do Cariri (LPU).
A pesquisa foi coordenada pelo Centro Paleontológico da Universidade do Contestado
(Cenpaleo), no Norte de Santa Catarina, e analisou entre 2012 e 2014 fósseis de
ossadas encontradas, em 1971, numa propriedade rural particular de Cruzeiro do
Oeste, no Paraná.
Segundo Luiz Carlos Weinschütz, coordenador do estudo e professor da
Cenpaleo, a nova espécie de pterossauro provavelmente vivia em pequenos grupos,
em áreas desertas, com pouca vegetação e oásis de água. O réptil voador é
contemporâneo dos dinossauros, carnívoro e foi considerado de grandes
dimensões, com bico grande e forte.
Os pesquisadores concluíram que o Keresdrakon vilsoni tinha 2,50 metros
de envergadura e pesava entre 15 kg e 20 kg. Como o réptil alado não tinha
penas, ele teria de ser muito leve para voar com ossos muito finos. “Uma
espessura de 1,5 mm”, segundo Luiz Carlos Weinschütz.
A nova espécie foi descoberta no cemitério dos pterossauros, no Paraná
A demora para a descrição e publicação sobre o Keresdrakon vilsoni se
deu em consequência da descoberta de outros fósseis de animais na mesma região.
Primeiro foram feitas as divulgações do pterossauro Caiuajara dobruskii e do
lagarto Gueragama sulamericana.
O nome Keresdrakon é a junção de "Keres", que significa na
mitologia Grega “espíritos que personificaram a morte violenta e estão
associados a fatalidade”. E Drakon, também do grego antigo e é o verbete para
“dragão” ou “enorme serpente”. Vilsoni é uma alusão a Vilson Greinert,
voluntário do Cenpaleo que trabalha com as espécies do “cemitério dos
pterossauros”. O fóssil do réptil alado está na coleção do Museu da Terra e da
Vida, na Universidade do Contestado, em Mafra, e pode ser visitado.
GEOPARK
ARARIPE
De acordo com o professor Renan Bantim, da Universidade Regional do
Cariri (Urca), “a descoberta de mais uma espécie de pterossauro no bone-bed
(cemitério dos pterossauros) abre um leque de possibilidades para estudos
ecológicos comportamentais com base em fósseis. Principalmente com o auxílio da
paleohistologia, uma técnica em evidência nas pesquisas mundiais, porém ainda
pouco explorada no Brasil”. Bantim aplica o procedimento nos achados da Geopark
Araripe, na bacia geológica que leva o mesmo nome no Cariri cearense.
Renan Bantim revela ainda que o Keresdrakon vilsoni é um pouco menor que
a maioria dos pterossauros encontrados na bacia do Araripe, no Geopark da
Unesco criado em 2006, no Ceará. Até hoje, foram descritos 25 pterossauros
aqui. O Keresdrakon é apenas o segundo descrito no Brasil fora do Cariri
cearense. “Isso amplia a possibilidade de encontrar outros animais em outras
partes do País”, comemora o paleontólogo.
A investigação paleontológica do Cenpaleo foi feita em associação com
pesquisadores do Laboratório de Paleontologia da Universidade do Vale do
Cariri, com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Estadual
de Ponta Grossa (UEPG), com a Universidade Federal do Paraná (UFPR),
Universidade Paranaense (Unipar), Museu Nacional/UFRJ e com a Universitat
Autonoma de Barcelona.
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