Lucélia Muniz
Ubuntu Notícias, 03 de agosto de 2019
“Um gato transforma o retorno a uma casa
vazia no retorno ao lar”.
Nunca fui apaixonada por
gatos e não sei porque num momento recente da minha vida comecei a olhá-los
diferente. Talvez tenha sido uma foto de um gatinho que vi postada na internet
dizendo que o mesmo estava para adoção. Ele fez meu coração se desmanchar e
corri para fazer a adoção e começar um processo num campo totalmente
desconhecido para mim.
Seu nome era Bentinho em
homenagem a obra Dom Casmurro de Machado de Assis,
uma alusão a Capitu. Se Capitu roubou o coração de Bentinho, meu Bentinho
roubou meu coração.
Moro numa rua relativamente
pequena, mas com o agravante de ser uma via de acesso a uma avenida e isso
torna o movimento de veículos uma constante. Perdi meu Bentinho em um
atropelamento e decidi que não mais teria outro gato em casa.
Daí veio Bill, um gato branco
com leves manchinhas laranja claro, uma amiga minha diz que ele é off, pois bem
o gatinho off restaurou minha confiança em adotar novamente.
Depois de quase um ano em sua
companhia, numa noite chuvosa e de vendaval, apareceu em minha porta um gato de
rua ainda pequeno e frágil. Não quis deixá-lo fora de casa com medo que alguma
coisa o acontecesse e na manhã seguinte coloquei sua foto nas redes sociais e
passei a procurar por seu dono que nunca apareceu. Ele é Bartholomeu e não o
adotei, ele mim adotou.
Bartholomeu tem um problema
no duto lacrimal do olho esquerdo e seu olho não para de lagrimejar. Nesse
mesmo olho tinha uma lesão que foi tratada e providenciei sua castração e
vacinas. Por conta do problema nesse olho sempre terá que usar um colírio.
Depois que Bill completou um
ano agora em janeiro de 2019, vivi um verdadeiro pesadelo que começou em abril.
Ele sempre que entrava no cio fugia de casa e ia para a escola que fica logo em
frente onde moramos. Eu chamo a escola de “Paraíso dos Gatos” porque alguns
gatos de rua permanecem por lá e acaba sendo uma atração para os demais gatos.
Primeiro Bill teve uma
intoxicação da qual ainda não sei a verdadeira causa e isso o levou a um rápido
processo de desidratação e quase morreu: recorri ao veterinário e teve que
haver uma internação, porque ele estava muito debilitado.
Ainda em recuperação ele
fugiu de casa novamente e dessa vez foi para além da escola e não consegui encontrá-lo.
Passado 10 dias, quando ele conseguiu retornar para casa tinha sido atropelado.
Estava sujo, desidratado, irreconhecível e com a cauda comprometida por conta
do atropelamento. Dois terços de sua calda estava em estado crítico: uma parte já
ressecada no osso e o couro e a outra parte estava entrando em putrefação.
Sem conseguir se alimentar e
com febre alta, novamente tive que levá-lo a clínica para outra internação. Sua
calda foi amputada e acabei pedindo que o castrassem para que ele não fugisse
mais de casa para juntar-se a outros gatos.
De abril consegui ver sua
recuperação em 100% agora no início de julho. Fiz uma promessa para São
Francisco, protetor dos animais, que doaria como forma de agradecimento, após
sua recuperação, um saco de ração (25kg) para um projeto que cuidasse de
animais de rua.
Hoje tenho um terceiro gato,
ou melhor uma gatinha! Chama-se Julieta e é a Lady de Bill e Bartholomeu. Com
cerca de 04 meses, ela quer mesmo é brincar e não falta companhia.
Aqui em casa tem regras: a
hora da alimentação mais reforçada onde todos comem juntos e não brigam; a casa
também é deles (nada de portas fechadas); a hora de dormir é em casa e não na
rua.
Sobre a pergunta que fiz lá
no título da matéria ainda não tenho respostas. Só sei que nem todo mundo
respeita um animal que encontra na rua e o trânsito (com pessoas imprudentes) é perigoso para pessoas e
também para os animais.
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