12/06/2019

12 de Junho de 1929: Nasce Anne Frank

Lucélia Muniz
Ubuntu Notícias, 12 de junho de 2019
Via Blog – Estórias da História
"Não basta conquistar a sabedoria, é preciso usá-la" - Cícero
No dia 12 de Junho de 1929, nascia a menina que daria um rosto ao Holocausto. Desde a publicação do seu diário em 1947, Anne Frank é símbolo contra a intolerância. A sua paixão pessoal "humanizou" o inconcebível extermínio.

Diário de Anne Frank já foi editado em mais de 50 idiomas e vendeu, desde a sua publicação em 1947, dezenas de milhões de exemplares. O livro foi adaptado para o palco e, entre 1959 e 2001, inspirou 11 filmes de cinema e TV, da Holanda a Hollywood.

Nascida em 12 de Junho de 1929, a autora faleceu com apenas 15 anos de idade no campo de concentração nazi de Bergen-Belsen. Valor literário à parte, o maior mérito de Anne foi, postumamente, ter dado um rosto ao Holocausto.

Pois, se Otto Frank não tivesse decidido publicar os registos íntimos dessa adolescente, feitos durante os dois anos em que a família esteve escondida dos nazis em Amsterdam, ela seria apenas mais uma entre os 6 milhões de judeus exterminados.

Os Frank mudaram-se de Frankfurt para a Holanda exatamente em 1933, ano em que os nacional-socialistas subiram ao poder. Otto, pai de Anne, fundou uma firma em Amsterdam. Durante sete anos, a família levou uma vida normal e pacífica.

Este quadro  transformou-se de um só golpe quando os nazis ocuparam a Holanda, em 1940, segundo ano da Segunda Guerra Mundial. Assim como os outros judeus, a família foi sendo pouco a pouco "cercada", o acesso à escola e às piscinas públicas  foi-lhes cortado, e o pai de família deixou de poder gerir os seus próprios negócios. Todos os judeus tinham que portar o estigma da estrela amarela em público, sob ameaça de severas penas.

Quando, em 1942, Margot, uma das irmãs, foi convocada para trabalhar no Leste Europeu, os Frank decidiram entrar para a clandestinidade. Enquanto nos escritórios e depósitos "oficiais" continuavam as atividades usuais da firma de Otto, eles passaram a habitar, juntamente com uma família amiga, as salas vazias nos fundos do prédio.

Uma escada unia as duas partes da casa, e a passagem era camuflada por uma estante móvel. Ao todo, oito pessoas passaram 25 meses nesse esconderijo, totalmente isoladas do mundo exterior. Isto só foi possível com a conivência de quatro funcionários, que traziam comida e livros, e os mantinham informados sobre os acontecimentos políticos.

Um diário, denominado "Kitty", tornou-se o confidente de Anne nesse exílio e fuga mental para as limitações do dia-a-dia. A ele, a menina confiava as suas ideias e aspirações, a sua opinião sobre os inevitáveis atritos interpessoais ditados pela convivência longa e forçada no esconderijo.

De forma tocante, ela falou do seu desenvolvimento físico, das relações com o pai e a mãe, e do amor. Revelou detalhes quotidianos aparentemente insignificantes, como a restrição de ir à casa de banho somente à noite, quando a firma estava fechada. Mas também narrou momentos de pavor, noites em que a capital holandesa foi bombardeada, ou a presença de estranhos na loja, que forçava os fugitivos à imobilidade quase total.

Porém, em 1944, alguém – até hoje não se sabe exatamente quem – denuncia os clandestinos. Poucos dias depois, as SS revistavam a firma, levando os oito embora, de início para um campo de trabalho forçado na Holanda.

Mais tarde, foram transportados num comboio de mercadorias até Auschwitz, e de lá a Bergen-Belsen, na Baixa Saxónia. Em Março de 1945, poucas semanas antes da libertação desse campo, Anne e Margot morreram de tifo.

Dos oito clandestinos da Prinsengracht 263, apenas Otto Frank sobreviveu ao Holocausto. A casa onde a família se ocultou durante dois anos foi transformada em museu em 1957, recebendo uma média de 900 mil visitantes por ano, sobretudo jovens.

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