Lucélia Muniz
Ubuntu Notícias, 28 de maio de 2019
Por Nicolau Neto - administrador e editor do Blog Negro
Nicolau (BNN). Professor; Especialista em Docência do Ensino Superior pela
Faculdade Católica do Cariri (FCC); Graduação em Licenciatura Plena em História
pela Universidade Regional do Cariri (URCA); Ativista dos Direitos Civis e
Humanos das Populações Negras pelo Grunec; Membro da Academia de Letras do
Brasil/Seccional Araripe (ALB/Araripe) e Diretor Vice-presidente da Associação
Beneficente de Altaneira (ABA) - entidade mantenedora da Rádio Comunitária
Altaneira FM.
Nas últimas duas semanas o País passou por uma verdadeira avalanche.
Fenômeno semelhante somente verificado na vitória do presidente Bolsonaro
(PSL).
As enxurradas de notícias negativas aparecem todos os dias e é tratada
pelos veículos tradicionais de comunicação - escritos e falados – com certa
dose de “cinismo” e não contribuem para a formação do pensamento crítico de
telespectadores/as. As mais recentes são a reforma da Previdência e os cortes
de verbas nas universidades públicas e na educação básica.
Direcionarei meu olhar aqui para a educação. Um presidente que escolhe a
educação como sua inimiga também escolhe a população como tal. Cortar recursos
da educação deve ser entendido como um crime contra a população, pois diminui
sobremaneira as chances de jovens concluírem seus estudos e praticamente zera
as possibilidades de alargamento de pesquisas provenientes de mestrados e
doutorados no País.
Ao decidir não repassar verbas para as universidades e para a educação
básica, o Ministério da Educação (MEC) sob a tutela do presidente diz que a
educação é uma clara ameaça aos interesses do governo federal que não é, nem de
longe, aqueles que podem contribuir para a construção de uma nação que
reconhece as diferenças, valorizando-as, e que prima pela promoção da equidade,
pelo apreço as liberdades individuais e coletivas.
Esse governo elegeu, mesmo antes de se eleger, a educação como
prioridade. Mas essa prioridade é a que banqueiros e empresários querem ver,
não a que nós – população menos assistida queremos. A prioridade do governo,
pelo que se percebe, é privatizar o ensino. É um contrassenso.
A prática do corte de verbas na educação é um ataque perverso também a
todos os grupos que foram e ainda estão à margem – negros, indígenas, população
LGBTs e mulheres. É uma ação ideológica que tem o intuito de destruir o legado
das políticas afirmativas, como o PROUNI, Fies, as cotas raciais, dentre
outras. Impacta negativamente uma luta histórica dos movimentos sociais, em
especial dos movimentos negros espalhados pelo País, por uma educação
antirracista.
Um levantamento obtido da Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e
Cultural dos (as)Graduando(as) das Instituições Federais do Ensino Superior, em
sua quinta edição, demonstrou que os estudantes negros e pardos são maioria
entre os estudantes das universidades federais do País.
Por isso, que quando estudantes da educação básica e do ensino superior,
professores/as, entidades sindicais e movimentos sociais ocupam as ruas para
lutarem contra aos cortes do governo federal é por que há o entendimento de que
lutar por educação é dizer não ao aumento desenfreado da desigualdade
étnica-racial. Ser contra os cortes na educação é lutar por justiça social, por
equidade e cidadania.
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