Lucélia Muniz
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Notícias, 27 de abril de 2019
Autora: Laudecy Ferreira Livro: O Brasil que temos- O Brasil que
queremos- Manual do Fazedorismo-pp. 373-375
Quem
ama cuida. A Lei da natureza atua, na família do senhor
Cafu de forma salvadora. É como diz o sábio Adoniran Barbosa: “Deus dá o frio,
conforme o cobertor”. Mesmo que os
ventos venham ao contrário, a perseverança, o amor e a responsabilidade ajudam
senhor Cafu e dona Zefinha a manter, na família, a esperança e acreditar que o
amanhã poderá ser melhor, e que quem acredita vence. Os ensinamentos do Cafú e
de dona Zefinha
marcaram para sempre a vida de seus 9 filhos, fazendo–os se tornarem profissionais de sucesso.
Afinal,
quem lê aprende mais e melhor. E só lendo, conhecerá a outra parte das coisas
do mundo, porque elas estão dentro dos livros. Por isso leia sempre. Ler faz
bem ao corpo, a mente, a alma e até nos permite ensinar às outras lições de
vida. Desistir jamais! Insista, persista e não desista nunca.
Era uma vez uma família muito pobre,
da cidade de Nova Olinda, no Estado do Ceará. Tratava – se da família do senhor
Cafu e dona Zefinha.
Todos os dias bem cedo, às 5 horas da
manhã, eis que logo ele ia pro roçado, no solo seco e rachado, em busca do
sustento da família. E bem logo, à
tardinha, Cafu vem andando a pé, trazendo nas suas costas, um feixe de lenha,
uma enxada e uma foice. Cansado, todo chagado dos espinhos da jurema.
Eita homem trabalhador, que educou 9 filhos(as)!
Dona Zefinha não permitia que seus
filhos faltassem às aulas, pois sabia que pelo estudo a vida poderia melhorar,
era a única esperança para os filhos de agricultor. E nessa conversa toda, ela
incentivava pra vida e futuro de quem estuda.
Sabia que era difícil vencer, mas quem em Deus acredita, e estuda pra
valer, um dia pode vencer. Oh, mulher de esperança, que nunca perdeu a fé!
E sempre falava para Cafu: “é, com fé,
esperança, força, a vitória vai chegar”.
E num dia de domingo, dia de feira
livre na cidade de Nova Olinda, quando foi pela manhã, seu filho mais velho
chamado Laudy, começou a lhe aperrear, por um calçado, pois estava descalço.
Ela sem ter dinheiro para comprar, o
jeito foi mandar o menino descer descalço para feira e pedir ao seu pai Cafu.
Eita vergonha danada, passou aquele
menino!
O pai o mandou voltar descalço, pois ele
não podia comprar.
O aperreio era grande para nove filhos
educar.
Faltou muitas vezes até o leite, quando
tinha que acrescentar mais água para que desse para alimentar seus filhos. De
tanta água, aquele líquido ficava azul, azul, quase água, é por isso que ela diz
que seus filhos são frutos da “água com leite”, mas ela nunca desistiu. Lutou,
lutou.
Numa terça – feira, ao amanhecer, lá
estava Zefinha sentada à mesa, escolhendo ou catando feijão para fazer o almoço
para a família. E senhor Cafu a
reclamar, dizendo:
__Ó Zefinha, você desperdiça muito
feijão, pois ao escolher ou catá – lo, você tira quase todo. Não estrague, eu
não posso comprar muito feijão e a nossa família é grande. Somos ao todo onze,
na família.
E
dona Zefinha respondia: __ Ò
Cafu, também o feijão tem mais grãos furados e com gorgulho, do que mesmo grãos
sadios, por isso tenho que retirar mais da metade. Senhor Cafu responde:
__
Pois é, Zefinha, não tenho condições de comprar outro tipo de feijão. O
único jeito é comer assim mesmo. Ainda é para dar graças a Deus, termos o
feijão furado e poder alimentar nossa família.
E todos os dias era aquela teima ou
confusão. Dona Zefinha reclamando de tanto feijão furado e Cafu implorando para
que Zefinha deixasse os grãos furados irem para a panela, só assim rendiam e
acabavam dando para toda a família.
Na maioria dos dias, o único tempero
do almoço e jantar, era toucinho e quando tinha.
Para escovar os dentes, todos usavam
somente juá, uma espécie de raspa do caule da árvore chamada de juazeiro, pois
não tinha dinheiro para comprar creme dental. E assim, eles criaram seus nove
filhos. Hoje, eles agradecem a Deus de ter na família:
* um filho formado em Ciências
Contábeis e um ótimo Diretor Contábil de uma empresa multinacional;
* uma filha pedagoga e escritora, uma
excelente empresária, professora e mãe exemplar;
* uma filha historiadora e uma
excelente professora e uma excelente mãe;
* uma filha que decidiu apenas ser
dona de casa e mãe;
* um filho médico, um excelente
clínico geral e excelente esposo;
* uma filha, excelente pintora e uma
ótima mãe;
* um analista de sistema e excelente
doutor em computação;
* uma filha formada em língua
estrangeira e uma excelente funcionária pública estadual e também uma boa mãe;
* um filho caçula, excelente
empresário e ótimo pai.
Falou
senhor Cafu:
__ Pois é Zefinha, estou muito feliz
em poder ver nossos filhos e filhas serem bons cidadãos e cidadãs, apesar de
terem sido criados com feijão furado.
Afinal, a gente só pode dar aquilo que tem. O mais importante é dar o amor,
respeito e ensinar para vida.
CARVALHO, Maria Laudecy Ferreira de. Feijão furado. O Brasil que
temos, o Brasil que queremos: Manual do fazedorismo. 1ª edição, Fortaleza -CE,
Editora Premius, pp.373-375, 2014.
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