Lucélia Muniz
Ubuntu Notícias, 06 de março de 2019
Por Roseli Brito
Pedagoga - Psicopedagoga - Neuroeducadora e Coach
Mediar, ajudar a construir ferramentas,
apontar novas estratégias, trazer possibilidades de construção de novos
caminhos, esta é a essência da orientação educacional. E a Orientação
Educacional é realizada pelo Orientador Educacional, que pode ser ou não
Pedagogo, porém necessita ter especialização em Orientação Educacional. Porém,
devido a falta deste profissional nas escolas, cada vez mais é o Professor e/ou
o Coordenador Pedagógico que assumem estas funções dentro do
cotidiano escolar.
Já sei, você já deve estar “ arrancando os
cabelos”, afinal mal fomos preparados para ensinar, gerenciar o tempo da nossa
aula, lidar com indisciplina dos alunos, agora mais essa! Não estou dizendo que
você terá mais trabalho, sabe por quê? Porque você JÁ ESTÁ FAZENDO ISSO há
muito tempo!!! Você já fornece orientação educacional até sem perceber que faz
isso.
Surpresa?!
Isso mesmo, você já realiza orientação educacional na prática quando
media os conflitos na sala de aula, já faz isso quando auxilia os alunos a
terem auto controle sobre suas ações , quando os auxilia a construírem
novas formas de relacionamento interpessoal. Faz isso quando os ouve, quando
sabe que eles estão passando por algum problema e procura ajudá-los conversando
com eles.
Intuitivamente
fazemos orientação educacional que nem nos damos conta, é como um gatilho que
dispara quando entramos na sala de aula, ou quando colocamos os pés dentro da
escola. Somos Educadores e como tal nosso objetivo é colaborar na “ construção”
de pessoas e quando vemos ou suspeitamos que algo está errado com nossos
alunos, geralmente entramos no modo “ orientador educacional”.
Mas
quem é essa pessoa que está na nossa sala de aula? Conhecer e aprofundar
estratégias de orientação educacional lhe ajudará a conhecê-lo, saber
quem ele é, e o que ele sonha e deseja, saber o quê ele sente, e
como ajudá-lo quando ele não sabe lidar com determinadas situações.
Se
encararmos esse indivíduo apenas como um nome no nosso diário de classe, como
um mero receptáculo cujo único propósito é ser preenchido pelo
saber e conhecimento que o professor transmitirá não conseguiremos ir muito
longe.
Este
indivíduo, muitas vezes, ainda não detém ferramentas e ou estratégias
para discernir ou tomar decisões e gerir os conflitos situacionais que ocorrem
dentro e fora da escola. Por isso que a orientação educacional feita
sistematicamente oferece ferramentas valiosas para o Professor auxiliar o aluno
a criar as próprias estruturas mentais, emocionais e sociais que favorecerão o
amadurecimento pessoal.
Com
o aluno teremos apenas que cumprir nosso planejamento, ensinar por meio do
livro didático, aplicar provas, mensurar por meio de notas e no final do ano
despachá-lo para outra série. Mas a palavra aluno é apenas uma nomenclatura que
utilizamos dentro da escola para designar aquele que está ali para aprender.
No
entanto não podemos permitir que esta nomenclatura o defina e o restrinja, e
nem limite a nossa atuação como Professores de vê-los como indivíduos, que
trazem e vivem uma estória totalmente diferente da nossa.
Há
muitos problemas enfrentados no dia a dia da sala de aula relatados pelos
professores. Um deles é que, fica cada vez mais difícil ensinar às crianças e
jovens dispersos, desinteressados, problemáticos, rebeldes, indisciplinados, e
pasmem: isso se dá porque as necessidades da pessoa que ali está não é
considerada, e é aí que a orientação educacional vem oferecer subsídios
extremamente relevantes para o arsenal de todos os Professores.
Orientação Educacional na prática:
Aqui
vão algumas dicas para você refinar e apurar as suas estratégias de orientação
educacional na sala de aula:
Fase 1: Conhecer a pessoa que você chama de “ aluno”:
O
primeiro passo é buscar informações a respeito desse indivíduo que você só sabe
o nome porque está na lista de chamada. Lembre-se que as pessoas são definidas
pelas situações e relações que mantém com outras pessoas e com o mundo que as
cercam, então saber como é a família, o ambiente em que vive, a comunidade que
faz parte, o tipo de trabalho que desempenha, os hobbies, os relacionamentos
que mantém, os interesses e as habilidades, nos ajudam a conhecer, em um
certo nível de profundidade, quem é a pessoa que está na nossa sala de aula.
Isso
fará toda a diferença no relacionamento Professor/Aluno. Ter estas informações
em mãos, será de extrema importância na orientação educacional que você tiver
de realizar com os seus alunos.
Lembrete:
Ouvimos e respeitamos quem sabe mais sobre nós!
Como fazer:
Realize dinâmicas quebra-gelo e dinâmicas
rápidas para que os alunos conheçam uns aos outros;
Elabore Questionário integrado com outras
disciplinas;
Nas Reuniões de Pais realize dinâmicas, crie
determinadas atividades para o levantamento das informações que você precisa;
Convoque, separadamente, os pais de cada aluno
para dar um feeback do desenvolvimento do filho e nesse bate-papo levante mais
informações pessoais a respeito do aluno;
Se tiver a oportunidade converse com os
Professores do ano anterior para obter mais detalhes do aluno;
Se possível verifique se alguém da Escola já
visitou a residência do aluno e procure conversar com essa pessoa. Em caso
negativo, elabore, juntamente com os demais Professores, um Projeto sobre algum
assunto relevante que envolva a visita na residência do aluno;
Fase 2: Estruturando Relacionamentos e Habilidades interpessoais:
Grande
parte dos conflitos que surgem dentro da escola, está ligado ao fato de que os
nossos alunos não detém nenhuma ferramenta ou habilidades de relacionamento
interpessoal. Essa falta de habilidades, ocasiona um prejuízo muito grande na
auto estima deles.
As
crianças e jovens não sabem lidar com isso e tendem a se isolar, são tratados
com indiferença pelos demais colegas, ficam fora dos grupos sociais, e muitas
vezes os jovens utilizam a violência para expressarem essa revolta: o de terem
sido excluídos.
O
Professor que detém algumas estratégias de orientação educacional consegue
fazer a ponte, realizar a conexão e ajudar as crianças e jovens a desenvolverem
ferramentas que possibilitem a criação de relacionamentos saudáveis.
Lembrete:
O ser humano tende a gostar e respeitar aqueles que demonstram real interesse
em ajudá-los.
Como fazer:
observe como ocorre a interação entre os seus
alunos: se é cordial, se é desrespeitosa, se é indiferente, se há
discriminação, se é de intimidação;
proponha atividades envolvendo resolverem
algum tipo de conflito: moral, comportamental e faça-os debaterem e revelarem
opiniões e a defenderem seus pontos de vista. Observe e anote as interações do
tipo: quem lidera, quem se cala, quem muda a sua opinião para agradar os
demais, quem não se manifesta, etc;
proponha atividades onde os papéis se
invertem: o que se cala deverá se manifestar, o que muda de opinião conforme os
outros, deverá defender uma posição/opinião bem ridícula e/ou descabida
até o final do debate, o que lidera, deverá apenas escutar e não se manifestar,
o tímido será levado a liderar, etc;
Fase 3: Conhecendo os sonhos:
Os
jovens sonham e muitas vezes por acreditarem que estão sonhando além do que
deviam, mostram-se envergonhados de verbalizarem esses sonhos, pois sentem-se
julgados conforme o meio em que vivem, conforme a sua condição social. Assim
eles tendem a esconder os seus sonhos, e isso é muito ruim.
Afinal
quando se é tão jovem ainda não se detém o conhecimento, ferramentas e as
ações que serão necessárias para realizar os sonhos, então quando os ocultam das
demais pessoas, eles acabam boicotando os próprios sonhos, inviabilizando assim
sua realização. Isso revela-se uma derrota, que os deixa frustrados, infelizes,
sentindo-se incapazes e então muitos deles acabam conformando-se com a
realidade que já estão acostumados.
Se
eles pudessem contar com Mentores que estivessem dispostos a ajudá-los neste
percurso seria fenomenal você não acha? Pois saiba que a orientação
educacional fornece os meios para você ser esse Mentor.
Como Fazer:
trabalhe as biografias de grandes homens e
mulheres da atualidade para que os seus alunos conheçam a estória e trajetória
de vida de cada um e venham a identificar-se com eles;
levantar na comunidade em que os alunos
vivem, as pessoas que se destacam (positivamente) na saúde, educação,
liderança comunitária, no dia a dia etc;
propor que os alunos entrevistem estas pessoas
e perguntem para elas sobre os sonhos que tinham quando eram mais jovens e como
elas conseguiram superar as dificuldades ao longo do caminho;
entrevistarem os próprios pais para que
conheçam quais eram os seus sonhos e porque não conseguiram realizá-los;
levante com os seus alunos uma meta a ser
realizada e/ou alcançada no curto prazo de um ano, ajude-os a traçar algumas
ações e os recursos que serão necessários para realizar esta meta.
Como
você observou o arsenal do educador precisa estar enriquecido de novos
conhecimentos e ferramentas, pois só assim seremos os Mentores que
os nossos alunos precisam.
Esperar
que outros façam não é mais uma opção, pois a realidade atual, a que
enfrentamos todos os dias é que: somos nós que estamos em contato diário com
eles, somos nós que os vemos se perderem por falta de direção.
Você
já sabe que somente o livro didático não ajuda a construir uma pessoa e
nem prepará-la para enfrentar os desafios da vida, o que talvez você ainda não
sabia é que com muito pouco você pode fazer uma grande diferença na vida de
todos eles.
0 comments:
Postar um comentário
Deixe seu comentário mais seu nome completo e localidade! Sua interação é muito importante!