Lucélia Muniz
Ubuntu Notícias, 25 de março de 2019
Golpe que deu início a ditadura militar no Brasil completará 55 anos no próximo dia 31. Segundo Otávio Rêgo Barros, para Bolsonaro movimento militar de 1964 não foi golpe.
Por Guilherme Mazui, G1 — Brasília
Bolsonaro determinou que Defesa faça 'comemorações devidas' do
golpe de 64, diz porta-voz
O
porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, afirmou nesta
segunda-feira (25) que o presidente Jair Bolsonaro determinou ao Ministério da
Defesa que faça as "comemorações devidas" pelos 55 anos do golpe que
deu início a uma ditadura militar no país.
O
golpe militar que depôs o então presidente João
Goulart ocorreu em 31 de março de 1964. Após o ato, iniciou-se uma
ditadura que durou 21 anos. No período, não houve eleição direta para
presidente. O Congresso Nacional chegou a ser fechado, mandatos foram cassados
e houve censura à imprensa.
Na
semana passada, Rêgo Barros havia dito que não haveria nenhum tipo de comemoração
relacionada à data. Nesta segunda, porém, o porta-voz mudou o discurso.
"O nosso presidente já determinou ao
Ministério da Defesa que faça as comemorações devidas com relação a 31 de março
de 1964, incluindo uma ordem do dia, patrocinada pelo Ministério da Defesa, que
já foi aprovada pelo nosso presidente", afirmou Rêgo Barros durante
entrevista coletiva no Palácio do Planalto.
Questionado
por jornalistas sobre o que seriam as "comemorações devidas", Rêgo
Barros respondeu: "Aquilo que os comandantes acharem dentro das suas
respectivas guarnições e dentro do contexto em que devam ser feitas". Ele
afirmou que não há previsão de nenhum tipo de ato no Palácio do Planalto no
próximo dia 31.
Desde
o período em que foi deputado federal, Bolsonaro sempre defendeu que o Brasil
não viveu uma ditadura entre 1964 e 1985, mas, sim, um "regime com
autoridade". De acordo com o porta-voz da Presidência, o agora presidente
da República não considera que houve um golpe militar em 1964.
"O
presidente não considera 31 de março de 1964 um golpe militar. Ele considera
que a sociedade, reunida e percebendo o perigo que o país estava vivenciando
naquele momento, juntou-se, civis e militares, e nós conseguimos recuperar e
recolocar o nosso país em um rumo que, salvo o melhor juízo, se isso não
tivesse ocorrido, hoje nós estaríamos tendo algum tipo de governo aqui que não
seria bom para ninguém", disse.
Ao
votar a favor do impeachment da então presidente Dilma Rousseff, Bolsonaro
homenageou em plenário o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, reconhecido
pela Justiça de São Paulo como torturador durante o regime militar. Para
Bolsonaro, Ustra é um "herói brasileiro".
Segundo
a Comissão da Verdade, 434 pessoas foram mortas pelo regime ou desapareceram
durante o período – somente 33 corpos foram localizados.
Diante
disso, a comissão entregou em 2014 à então presidente Dilma Rousseff um
documento no qual responsabilizou 377 pessoas pelas mortes e pelos
desaparecimentos durante a ditadura.
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