Lucélia Muniz
Ubuntu Notícias, 08 de dezembro de 2018
Por Nicolau Neto
Professor;
palestrante na área da Educação com temas relacionados a história e cultura
africana e afrodescendente, desigualdades raciais, preconceito racial,
diversidade e relações étnico-raciais; ativista dos direitos civis e humanos
das populações negras; membro do Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec);
membro da Academia de Letras do Brasil/Seccional Araripe (ALB/Araripe);
servidor público no município de Altaneira, diretor vice-presidente da Rádio
Comunitária Altaneira FM e administrador/editor do Blog Negro Nicolau (BNN).
Se eu lhe perguntar qual o melhor caminho para a transformação social,
para a construção de um lugar onde haja comida e bebida para todos, você me
dirá que é a educação.
Um dos maiores pensadores do Brasil já alertava para esse fato. Paulo
Freire dizia “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela,
tampouco, a sociedade muda”. Ele sabia bem da importância dela para a vida,
para o ato de cidadania. Afinal, não basta só ter acesso à educação. É preciso
permanecer nela. Mas é muito pouco só permanecer na escola, na universidade. É
fundamental que haja aprendizado e que este seja uma arma contra a tirania,
contra os ditadores e contra os falsos democratas. É fato que para que isso
aconteça aquele ou aquela que tem o poder de transmitir os “saberes” também
tenha esse desejo.
É sabido que educar para a cidadania e para a politização é educar para
a vida. É acima de tudo um dever social, pois garante que o educando seja
agente transformador da sua própria história. Mas também é sabido que essa tem
sido a tarefa mais árdua e difícil de se construir por vários motivos. O
principal deles porque temos uma elite governante (a grande maioria) que não
está preocupada com isso. Não é satisfatório para quem está no poder ter mentes
pensantes. Recorro mais uma vez a Paulo Freire que afirmava “seria uma
atitude ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma de
educação que proporcionasse às classes dominadas perceber as injustiças sociais
de maneira crítica”.
As palavras de Freire ganham cada vez mais força diante de um cenário
triste em que o Brasil passa, principalmente na educação. Primeiro a
possibilidade já anunciada por Temer de acabar com a obrigatoriedade
constitucional de se gastar com Educação 18% da receita resultante de impostos;
em segundo lugar, some-se a isso a ideia de se acabar com todas as políticas
públicas que fortalecem o acesso à educação a grupo que sempre lhes foram
negadas oportunidades como negros e indígenas. Aqui, a ideia é acabar com o
sistema de cotas e impedir que o Brasil seja de fato o que é, um país
predominantemente negro; cortes nos investimentos nas universidades; Em
terceiro, o governo não quer quem pesquisa; Quarto, suspendeu as novas vagas
para o Pronatec, ProUni e Fies e a última ideia repugnante quer acabar com os
programas que tem como finalidade reduzir o analfabetismo.
Por fim, o presidente eleito em outubro último é uma versão piorada do
que ai está.
Pensem em um adjetivo para quem destrói a educação pública. Pensaram?
Então lhes apresento Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PSL). A educação está
por um triz.
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