Lucélia Muniz
Ubuntu
Notícias, 21 de novembro de 2018
Via rede
social do Professor Alex
Baoli
Confira
o triste relato do professor compartilhado via redes sociais:
Ontem,
20 de Novembro de 2018 (que dia!), após uma participação minha na Escola Liceu
do Crato, por ocasião do 20 de Novembro, estávamos eu e minha amiga passando
pela praça/encosta do Seminário quando uma viatura para com rapidez e começou a
abordar três jovens que estavam sentados.
Eu
fiquei parado, vendo a abordagem e um dos policiais foi me abordando e dizendo
que eu me saísse e seguisse caminho. Imediatamente um outro policial, de maneira
nervosa, demonstrava estar com muita raiva mesmo.
Investiu sobre mim, dizendo que eu respeitasse a polícia e começou a me
empurrar.
Nesse momento eu já estava sendo segurado por outros policiais.
Eram, incialmente, 4 policiais e depois cerca de 8 policiais. Estava com uma
mochila e um deles falou que era melhor olhar logo o que eu tinha na mochila.
Arrancaram a mochila de maneira muito ríspida, mas nela, não tinha o que eles
procuravam. Havia livros, cadernos, um notebook: material muito perigoso para
esses tempos.
E me jogaram no chão, quebraram meus ósculos, com coturnos sobre a
minha cabeça e a as minhas costas. A minha amiga informou que eu era professor
e que vinha da aula; mas eles não deram ouvido e começaram e me imobilizar
(mais ainda) e me algemaram. Falaram que eu ia ser preso por desacato.
Colocaram-me no camburão e depois foram conferir, pelo que ouvi,
os documentos dos rapazes. Levaram-me pra delegacia. Eu, sempre algemado.
Quando cheguei na delegacia, um pessoal da Frente de Mulheres, do GRUNEC e
alguns professores da URCA já estava lá. Contataram uma advogada da RENAP e
essa veio imediatamente me dar assistência. Exigi o exame de corpo de delito,
fui conduzido no camburão (sem algemas) até o IML.
Lá, fui atendendo de maneira muito fria pelo médico, mais parecia
uma juiz, questionando todos os meus argumentos. Detalhe: a advogada ficou
indisposta e não pôde me acompanhar até o IML. Fui atendido na sala junto com
os policiais, sem testemunhas a meu favor. O policial afirmou que “teve que usar
da força.” Não tive acesso ao laudo e um dos policiais foi que conduziu tal
laudo de volta ao delegado.
Foi marcada uma audiência para hoje pela manhã, às 9h30, a qual
compareci, mas o Fórum não tinha sido notificada e a audiência ficou em
situação sine die. Agradeço a todos que entraram em contato pelo Messenger,
pelo WhatsApp e pessoalmente, que me abraçaram e prestaram a sua solidariedade.
Vamos aguardar a audiência ser marcada e os desdobramentos desta.
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