Lucélia Muniz
Ubuntu Notícias, 30 de agosto de 2018
Terceiro
presidenciável entrevistado do Jornal Nacional desta semana, o tucano Geraldo
Alckmin teve de explicar, durante a primeira metade da sabatina, suas alianças,
defesa e complacência com companheiros envolvidos em escândalos de corrupção.
Até
os 15 minutos da entrevista - que durou 27 minutos, mesmo tempo que tiveram Ciro Gomes
(PDT) e Jair Bolsonaro
(PSL) -, o ex-governador de São Paulo foi instado a responder sobre suas
alianças com os partidos do chamado “Centrão” - que reúne partidos com caciques
envolvidos na Lava Jato -, por defender seu ex-secretário de Transportes, preso
por suspeita de envolvimento em esquema nas obras do Rodoanel, e pela inércia
do partido em relação a Aécio Neves, réu por corrupção no Supremo Tribunal
Federal (STF) e Eduardo Azeredo, preso desde maio após condenação no mensalão
tucano.
Questionado
sobre Aécio e Azeredo, Alckmin afirmou que o partido “não passa a mão na cabeça
de ninguém” e que Aécio ainda está sendo investigado, e não foi condenado. Já
sobre Azeredo, tentou desviar afirmando que o tucano, atualmente preso, está
“afastado da vida pública há 10 anos”. Pressionado, disse que Azeredo vai pedir
seu próprio desligamento do partido.
Ao
explicar a aliança com os partidos do Centrão, o tucano repetiu o discurso de
que as alianças com os partidos são necessárias para implementar as “reformas
que o Brasil precisa”.
O
ex-secretário de Transporte do governo Alckmin, Laurence Casagrande, atualmente
preso na Lava Jato em São Paulo, foi mais uma vez defendido
pelo ex-governador. Alckmin afirmou que Laurence é um “homem sério e correto”
que está “sendo injustiçado”. Confrontado com trechos de depoimento de
testemunhas na ação na qual Laurence é réu por fraude a licitação, falsidade
ideológica e associação criminosa, Alckmin afirmou que não tem as informações
lidas pelo apresentador William Bonner porque a investigação é sigilosa. O
ex-governador ainda emendou dizendo que Bonner tinha as informações por ser
“mais poderoso” que ele.
Segurança
pública
Ao
tratar do tema da segurança pública, a apresentadora Renata Vasconcellos disse
que a maior facção criminosa do país surgiu em São Paulo e perguntou a Alckmin:
“Em que a política de segurança pública falhou?”. O candidato negou que a
segurança pública em São Paulo tenha falhado e citou números como a queda na
taxa de homicídios no estado.
O
tucano também negou que líderes de facção comandam o crime organizado de dentro
das cadeias. Com a insistência dos entrevistadores sobre o tema, o candidato
subiu o tom: “São Paulo prende. Cana dura”. E prometeu “acabar com as
saidinhas” e endurecer penas.
Tucanos
enrolados
Pressionado
sobre a manutenção de Aécio Neves e Eduardo Azeredo (MG) no partido, Alckmin
tentou fugir da questão em relação a Azeredo, condenado e preso. “Aécio está
sendo investigado, não estamos passando a mão na cabeça de ninguém”, disse o
atual presidente do PSDB.
Azeredo,
ex-governador de Minas Gerais, está preso desde maio. Ele se entregou em uma
delegacia após ser considerado foragido da Justiça. Ele foi condenado a 20 anos
de prisão por desvio de recursos e lavagem de dinheiro no esquema conhecido
como mensalão tucano ou mensalão mineiro.
Aécio, por sua
vez, foi gravado pelo empresário Joesley Batista, dono da JBS, pedindo R$ 2
milhões. Aécio teve de se afastar do comando do tucanato. Desde então, chegou a
ser afastado do cargo de senador por determinação do STF, até ter o mandato
salvo pelos pares.
Em
abril, o também ex-governador de Minas virou o primeiro tucano réu por
corrupção passiva e tentativa de obstruir a Justiça na Operação Lava Jato
justamente por essa gravação. Segundo a denúncia aceita pelos ministros, Aécio
solicitou a Joesley, em conversa gravada pela Polícia Federal (PF), R$ 2
milhões em propina, em troca de sua atuação política em favor do grupo
empresarial.
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