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Notícias, 10 de julho de 2018
Por
Alan Cordeiro - Trecho de uma etnografia realizada em 2017
Aluno
do 3° ano da EEM Padre Luís Filgueiras, Militante do coletivo Kizomba e
Ativista dos direitos humanos.
(...) pensar o conceito de gênero
e sexualidade pode ser um convite para que o/a aluno/a, e também o/a educador/a
possa olhar para a sua própria sexualidade e pensar a construção histórico-cultural
de conceitos como heterossexualidade, homossexualidade, questionando a
heteronormatividade que toma como norma universal a sexualidade branca, de
classe média e heterossexual.
(...) segundo Louro (2003), é
comum as escolas tratarem de gênero e sexualidade como sendo sinônimos, padronizando
um modo único e adequado do que é masculino e o feminino e possibilitando de
uma única maneira apenas a forma de viver a sexualidade. Tece-se uma complexa
trama normativa que estabelece uma linha de continuidade entre o sexo (macho e
fêmea), o gênero (masculino/feminino) e a orientação sexual que se direciona
“naturalmente” para o sexo oposto.
Na tentativa de se desviar dos
discursos moralistas, que via a homossexualidade como desvio de caráter, falhas
no processo educativo familiar ou resultado de patologias hormonais,
enfatiza-se cada vez mais a ideia de que o sujeito nasce homossexual ou
heterossexual, desculpabilizando-o do comportamento homossexual já que não
seria uma questão de escolha, mas de determinação.
(...) a escola enquanto
instituição, precisa ter discussões relacionadas a esses temas para que haja
maior participação de todos os alunos. E essas discussões são de extrema
importância na vida dos/as alunos/as para que os mesmos possam viver da forma
que lhes acharem conveniente, e que possam passar um período em sala de aula
onde não aprendam apenas as disciplinas que estão inscritas na grade curricular
dos/as professores/as, mas aprendam a conviver com a diferença longe de qualquer
tipo de violência, opressão e discriminação.
Hoje vivemos em uma sociedade que
a cada dia mostra para os indivíduos o quanto é importante essas discussões,
apontando novos modos de vidas diferentes que possam abrir para virtualidades
relacionais e afetivas de cada um. Pois, para Foucault (1995), a grande
resistência políticas na modernidade talvez: (…) não seja descobrir o que
somos, mas recusar o que somos (…) o problema político, ético, social e
filosófico de nossos dias não consiste em tentar libertar o indivíduo do Estado
nem das instituições do Estado, porém nos liberarmos tanto do Estado como do
tipo de individualização que a ele se liga. Temos que promover novas formas de
subjetividade, através da recusa deste tipo de individualidade que nos foi imposto
há séculos. (Foucault 1995).
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