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Notícias, 15 de julho de 2018
Por
Alan Cordeiro - Trecho de uma etnografia realizada em 2017
Aluno
do 3° ano da EEM Padre Luís Filgueiras, Militante do coletivo Kizomba e
Ativista dos direitos humanos.
A escola é um espaço não só para
ensinar letras e números, mas também para promover cidadania; e nesse sentido,
deve ser espaço democrático e inclusivo, onde estudantes aprenderão que é
possível o convívio com a diferença longe da violência e opressão. Uma escola
que promove a igualdade de gênero não é uma escola que ensina crianças e
adolescentes a serem homossexuais ou que ensina sexo de maneira inapropriada
para as diferentes faixas etárias.
Falar de gênero e sexualidade na
escola é exercitar a cidadania para o reconhecimento da igualdade entre homens
e mulheres. Pouco importa se nascemos em um corpo sexado fêmea ou macho: temos
direitos de habitar nossos corpos como desejarmos sem medo de violência e
discriminação, gênero e sexualidade tem se tornado temas malditos para muitos.
Mas nós não vamos cansar de repeti-los, pois acreditamos que o espaço escolar
deve promover a igualdade.
Se a razão em dizer que “Ninguém
nasce mulher, torna-se mulher” (Simone de Beauvoir), também diremos que ninguém
nasce homofóbico, trans fóbico, machista, ou agressor de mulheres. Não tem isso
de natureza masculina, a qual condiciona homens com pênis a serem provedores,
fortões ou gostar de mulher, ou então natureza feminina, que condiciona mulheres
com vagina a serem mães, delicadas e boas esposas de homens.
(...) para a escola e a para a
sociedade em geral, são importantes as discussões de gênero e sexualidade
dentro do ambiente escolar. Discussões essas que muitas das vezes são trazidas
espontaneamente pelos próprios alunos, que por falta de conhecimento sobre o
tema procuram explicações em seus professores.
(...) essas discussões dentro do
ambiente escolar são de grande importância na construção de uma escola
democrática com o acesso e permanência de todos. Uma escola que tem discussões
acerca desses temas é uma escola que garante de forma humanizada a permanência
e a democratização do ensino a todos/as os/as alunos/as.
(...) é papel da escola construir
um ambiente que consiga acolher as diferenças e repensar os modelos
cristalizados que nos foram impostos ao longo dos anos. Se quisermos construir
uma sociedade mais humana, precisamos politizar nossos discursos. A escola não
deve se omitir a essas discussões, muitos pelo contrário. Então, se
idealizarmos uma sociedade mais justa e igualitária, onde todos os indivíduos
tenham as mesmas condições precisamos chamar essas questões para o debate.
(...) as discussões acerca desses
temas são de suma importância para que a escola tenha um ambiente harmonioso
onde todos possam expressar a sua opinião e que também, diante das discussões
os mesmos possam rever os padrões culturais que a sociedade impõe a cada um.
(...) a escola enquanto
instituição é de extrema importância na formação de seres humanos formadores de
opiniões, pois ela é um instrumento poderoso para formar indivíduos críticos que
atuam de forma eficaz dentro de uma sociedade. “Ignorar essas discussões é compactuar com altos números de
feminicídio, homofobia, racismo e outras exclusões sociais.”
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