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Notícias, 05 de julho de 2018
Por
Alan Cordeiro - Trecho de uma etnografia realizada em 2017
Aluno
do 3° ano da EEM Padre Luís Filgueiras, Militante do coletivo Kizomba e
Ativista dos direitos humanos.
Desconstruir
em busca de construir uma sociedade mais humana e igualitária
Ultimamente gênero e sexualidade
são temas que estão bastante presentes na sociedade e também tem sido temas
constantes na mídia através das novelas, cinema, publicidade, programas de
auditório para jovens, revistas voltadas para o público adolescente etc., o que
certamente tem forçado a escola a debater os temas, trazido às vezes
espontaneamente pelos/as próprios/as alunos/as.
No entanto, essa excessiva discursividade
da mídia em relação a esse tema nem sempre tem resultado em uma diminuição dos
sintomas de homofobia e sexismo. Se a visibilidade de formas alternativas de
viver a sexualidade, tematizadas pela mídia, impõe certo reconhecimento das
causas ligadas às minorias de gênero e sexuais, forçando também a escola a rever
padrões normativos que produzem a sexualidade das/dos estudantes, por outro
lado também não deixa de acirrar manifestações de grupos mais conservadores.
E, em um momento histórico em que
tanto se fala sobre educar para a diferença, vivemos em um cenário político
mundial de intolerância que se repete também no espaço da vida privada, em
determinada dificuldade generalizada em nos libertarmos de formas padronizadas
de concebermos nossa relação com o outro. (...)
(...) infelizmente ainda existem profissionais da educação que em
pleno século XXI se recusam a falar para seus alunos à importância do respeito
as diferenças, haja vista que esses temas são de extrema importância na vida
dos alunos e para suas formações enquanto seres humanos.
Assim, discutir a questão de gênero e sexualidade não é uma
condição particular pertinente a grupos minoritários especiais e, portanto,
algo a ser ignorado por um currículo que visa atender a maioria heterossexual
que frequenta o espaço escolar.
Se os/as educadores/as quiserem
ser eficazes em seu trabalho com todos/as os/as jovens, eles/elas devem começar
a adotar uma visão mais universalizante da sexualidade em geral e da
homossexualidade em particular.
Assim, em vez de ver a questão da
homossexualidade como sendo de interesse apenas para aquelas pessoas que são
homossexuais, devemos considerar as formas como os discursos dominantes da
heterossexualidade produzem seu próprio conjunto de ignorâncias tanto sobre a
homossexualidade quanto sobre a heterossexualidade (Britzman, 1996).
(...) a escola precisa acompanhar
as mudanças sociais e políticas que a sociedade vem enfrentando ao longo do
tempo, possibilitando a criação de um ambiente acolhedor, que busca construir a
igualdade não apenas entre homens e mulheres, mas, sobretudo, igualdade entre
seres humanos e não apenas corpos que contêm diferenças biológicas que
hierarquizam os indivíduos.
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