Lucélia Muniz
Ubuntu Notícias, 26 de abril de 2018
Neste sábado (28) em solenidade que será realizada no Plenário da Câmara
Municipal de Santana do Cariri, o Escritor Sandro Cidrão, será empossado na
Cadeira nº 12 da Academia de Letras do Brasil/Seccional Araripe-CE. O escritor
que escolheu como Matrona – Generosa Amélia da Cruz.
A Academia de Letras do Brasil/Araripe-CE é uma entidade regional que
congrega personalidades culturais do Cariri Oeste. Tem sede na cidade de
Araripe-CE. O objetivo da academia é zelar pelo patrimônio histórico e
literário do Cariri Oeste. A Seccional regional Araripe congrega dez
municípios: Santana do Cariri, Nova Olinda, Altaneira, Potengi, Araripe, Campos
Sales, Salitre, Tarrafas, Assaré e Antonina do Norte.
Sobre
Generosa Amélia da Cruz
Generosa Amélia da Cruz, filha de Francisco da
Cruz Neves e Raimunda Carcelina da Cruz, nasceu no dia 22 de junho de 1872, em
Redenção-CE, antiga Acarape, cidade conhecida por “Roseiral da Liberdade”, pelo
fato de em 1883, ali ter sido libertados todos os seus escravos, servindo de
exemplo pioneiro. Teve seis irmãos, e mais quatro do segundo casamento de seu
pai com Mariquinha Leite Cruz.
Contam seus contemporâneos, familiares, amigos
e todos que a conheceram e conviveram com esta extraordinária mulher, que eram
múltiplas suas qualidades. Possuidora de convicções e valores religiosos muito
fortes, Generosa Amélia era uma pessoa devocionada, corajosa, determinada,
solidária; rígida e ao mesmo tempo afável.
Descendente da árvore genealógica dos
“Terésios” - nome dado à estirpe dos familiares do Engenho de Santa Tereza, do
município de Missão Velha -, aos 15 anos de idade Generosa Amélia casa-se com
seu tio Felinto da Cruz Neves, com então 30 anos. Fato ocorrido na cidade de
Crato-CE, no dia 19 de maio de 1888, coincidentemente seis dias após a
promulgação da Lei Áurea, pela Princesa Isabel.
Julgando-se amadurecida o bastante, achava
estar pronta para assumir as obrigações de cônjuge e dona de casa, ao lado de
um homem trabalhador; bem-sucedido agricultor e pecuarista; influente
politicamente, na bucólica e emergente cidade de Santana do Cariri. Para
Santana trouxe os sonhos de uma jovem e dedicada esposa e as lembranças de
Redenção e seus primeiros albores na serrana Acarape.
A Casa Grande, marco da arquitetura
neoclássica construída pelo coronel Felinto, passa a ser seu lar, o qual
dividia com empregados e parentes. Esse local também se tornou centro das decisões
sociopolíticas do município; por onde passaram governadores, prefeitos,
deputados, senadores, militares, bispos, padres, religiosos e todos os filhos
de Senhora Sant’Ana, que diariamente enchiam esta “casa do povo”,
principalmente a gente simples e humilde.
No ano de 1936, enfrentou o maior desafio de
sua vida: a morte do seu marido, Felinto da Cruz Neves, coronel da Guarda
Nacional. Na tarde de eleições do dia 29 de março, candidato já eleito pelo
Partido Republicano Trabalhista, apoiado pela LEC - Liga Eleitoral Católica,
foi traiçoeiramente assassinado, por plano previamente traçado por seus
opositores e adversários políticos.
Viúva e sem filhos, tornou-se uma mulher
triste, mas de cabeça erguida, cumprindo e fazendo cumprir o desejo do seu
marido de que “não queria vingança”. E assim foi feito. Dedicou-se a dar aulas
gratuitamente para jovens, bem como de catecismo para as crianças em preparação
para a primeira comunhão. Encontrou no recolhimento, na oração e nos afazeres
da matriz local, o lenitivo para aplacar a dor de sua solidão.
Nomeada prefeita de Santana do Cariri-CE, no
dia 22 de junho de 1936, quatro meses após o rude golpe da morte do Coronel Felinto,
Dona Generosa, como era chamada, assume os destinos do munícipio e o
compromisso em dar continuidade ao trabalho do esposo, fazendo muitos amigos em
sua vida pública. Exerceu sua administração municipal com altivez, bom senso e
sabedoria.
Naqueles recuados tempos, no qual o papel da
mulher se restringia às tarefas domésticas e do lar, enfrentou o gigantesco
trabalho de administrar pioneiramente um município, passando para os anais da
história política como a primeira prefeita de Santana, do estado do Ceará, e a
segunda do Brasil. Um verdadeiro orgulho para todos os filhos das terras
santanenses.
Após o cumprimento dessa missão desafiadora,
mormente para uma mulher naquela época e naquelas circunstâncias, que se
prolongou até o dia 31 de dezembro de 1938, sob o comando de Getúlio Vargas e
do Estado Novo, e, às vésperas da Segunda Grande Guerra Mundial, Generosa
Amélia da Cruz resolveu afastar-se do envolvimento direto com a política.
Passou, então, a poiar e incentivar parentes e correligionários, preparando-os
para as mudanças que certamente haveriam de acontecer na composição das forças
políticas do estado.
Para minimizar a solidão dedicou-se a ensinar
aos jovens e a dar aulas de catecismo, em sua própria casa; aos ensaios da
coroação, lapinha e das festas da padroeira; aos cânticos e hinos da nossa
cultura religiosa. Devotou especial carinho pela Cruzada Eucarística, que tinha
o nome de Santa Terezinha, por quem nutria fervorosa devoção, assim como aos
cuidados com seu altar na Igreja Matriz de Senhora Sant’Ana, onde revigorava
suas forças e encontrava a paz.
Velha e adoentada, aleijada de uma perna,
quase cega, andando auxiliada por caridosas mãos, partiu para Juazeiro do
Norte, com o objetivo de ter uma morte tranquila, e ficar com seus familiares nos
últimos meses de vida. Percebeu que seu acerto de contas com o Criador estava
próximo. Com humildade e resignação se preparou para sua última viagem.
Com sapiência e justiça, em seu testamento,
deixou o Casarão para a Diocese de Crato, para fins religiosos e culturais. A
Diocese, alegando não ter recursos para sua manutenção, o devolveu à família
“Cruz”. Como expressava esse documento,
nesse caso ficaria o imóvel, que outrora foi lar, templo, escola e fortaleza,
como um bem perpétuo para os familiares, que fosse passado de geração para
geração. Dona Generosa veio a falecer, lúcida e serenamente no dia 18 de agosto
de 1961, com 89 anos. Seu corpo encontra-se sepulto no Cemitério São Miguel em solo
santanense, no jazigo da família. Raimundo
Sandro Cidrão
Sobre o
Escritor RAIMUNDO SANDRO CIDRÃO
Nascido em Santana do Cariri-CE, no dia 22 de março de 1962, formado em
Letras pela Faculdade de Filosofia do Crato- FFC, com Pós-Graduação em Ensino
de Língua Inglesa, pela URCA - Universidade Regional do Cariri, tendo como
profissão: o Magistério e a Arte Educação. Professor, Artista Plástico,
Cordelista, Poeta, Escritor, Teatrólogo, Historiador, Fotógrafo, Compositor,
Regente de Coral, Folclorista.
PRINCIPAIS PARTICIPAÇÕES COM CLASSIFICAÇÃO: - Programa BNB de Cultura
2008, com o Projeto “Reescrevendo Patativa do Assaré”, na Categoria
“Literatura”, evidenciando a Obra desse poeta; que resultou numa produção
coletiva dos alunos envolvidos no projeto.
- Concurso Estadual de Fotografia, promovido pela Assembleia Legislativa
do Ceará (3º lugar).
- III e IX Edital de Incentivo às Artes do Ceará, com o projeto
“Restaurando a Memória Fotográfica Santanense” e “Preservando a Memória
Histórica do Município”.
- Oficineiro do Ponto de Cultura “Memória, tradição e Arte” do C.D.E.,
em Santana do Cariri nos anos de 2009 e 2010, objetivando resgatar danças e
tradições populares como: Lapinha, Pastoril, Reisado, São Gonçalo, Pau de fita,
Maneiro Pau, etc.
- Jurado do Festival Regional de Quadrilhas Juninas, realizado no
Município de Altaneira pelo Governo do Estado do Ceará e a FEQUAJUCE.
- I Edital “Ceará da Paixão”, bem como outras edições, com o Projeto
Teatral “O Calvário de Jesus”, executado durante a “Semana Santa”.
- XVII Edital Ceará Junino 2015, da Secretaria da Cultura do Estado do
Ceará, com o Projeto “Arraiá de Patativa”.
REALIZAÇÕES e CRIAÇÕES: Criação do Projeto “Casarão Cultural”; I
Festival de Quadrilhas Juninas de Santana do Cariri; Realização da I feira de
Cultura e Artesanato; Criação de Corais Estudantis com o Projeto “Cante e seus
males espante”; Exposição de Arte “Resgates”-2006; Exposição da
Pinacoteca Santanense -2007; Criação dos Grupos de Danças Juninas do Pau de
Fita, São Gonçalo, Maneiro Pau e Pisa e Mí; Exposição fotográfica do Projeto
“Restaurando a Memória Fotográfica Santanense”- 2007; “Retrospectiva
Cultural-2009”; Exposição do acervo da 1ª professora formada de Santana: Ana
Feitosa”; Exposições de Artes Plásticas diversas, individuais e coletivas; I
Show de talentos com Artistas da Terra; Exposição Temática “Raridades da
Memória Santanense”; “Preservando a Memória Histórica do Município”-2014;
dentre outros, como os espetáculos teatrais “Oratório de Sant’Ana”, “A Mártir
da Pureza” e o musical “Noite Santa”.
- Criação do Centro Educacional e de Cultura Artística Senhora Sant’Ana
em 1999, da Sociedade Teatral Santanense em 2005 e do Espaço Literário Poeta
Maranhão, em 2014.
- Criação do Movimento em prol da Mártir Benigna - Jovem tida como
“Heroína da Castidade” e “Santa” pela população – no qual dirigiu a Comissão
Histórica do Processo de Beatificação dessa “Serva de Deus” em sua fase
diocesana, introduzido no Vaticano, já em sua fase Romana, sendo este o
primeiro Processo de Beatificação do Estado do Ceará, autorizado pela
Congregação para a Causa dos Santos, da Santa Sé, em Roma.
- Criação do Museu da Memória Histórica Santanense, Espaço Literário
Poeta Maranhão e da Benigna Arteimagens.
- No período de 12 a 14.11.15 realização de sua primeira mostra de artes
plásticas na cidade de Natal, nas dependências da Câmara Municipal.
PUBLICAÇÕES: Livros: “Resgatando a Memória de Santana do Cariri”,
“Pedaços de Mim”, “Ainda Resgatando”; “Resgatando a História do Município de
Altaneira”; “Reescrevendo Patativa...”; “Você Sabia?”; “Benigna, Mártir da
Pureza”; “Hinos e Canções” ,“Resgatando uma História de Fé: Benigna”,
"Revivendo o Passado" r Resgatando a Memória..." - 3ª edição -
atualizada e revisada.
Catálogo: “Restaurando a Memória Fotográfica Santanense”.
Revista: “O Calvário de Jesus”.
Cordel: “O Pulmão do Cariri”
Informativo: “O Futuro Passa aqui”
- Diversas matérias em jornais, informativos e revistas, bem como em
emissoras de TV.
Encontra-se no prelo o mais novo livro: "Madrinha da Farmácia -
Peregrina da Fé."
TÍTULOS: “Destaque Cariri-Oeste”- 1º lugar na categoria “Melhor
Fotógrafo”, pela Estância Vale da Serra Produções Artísticas; Destaque Especial
no Concurso Nacional de Poesias, promovido pela Revista Brasília; Destaque como
Diretor Cultural, pela apresentação do Grupo estudantil de Quadrilha junina
“Arraiá de Patativa”; Destaque Cultural pela exibição do Espetáculo “O Calvário
de Jesus”, durante 18 anos; Destaque especial pelo apoio ao Projeto sobre a
heroína santanense Benigna Cardoso da Silva, como historiador pesquisador;
Destaque Municipal 2015, na categoria “Artista da Terra”.
Em 23 de novembro de 2015 recebeu da Câmara Municipal de Santana do
Cariri, a maior honraria da casa: a comenda Padre Cristiano Coelho, pelos
relevantes e singulares trabalhos prestados ao município.
No dia 04 de maio de 2016 foi homenageado como escritor, pela Escola
Wellington Belém de Figueiredo, na cidade de Nova Olinda-CE, no "Projeto
Café Literário", num evento cultural marcante e participativo, sob
coordenação da Professora Luciana França.
Em 5 de agosto de 2017 foi escolhido para ocupar a cadeira nº 12, da
Academia de Letras do Brasil/ Seccional Regional Araripe-CE, tendo como matrona
Generosa Amélia da Cruz. A instalação da Academia e posse dos acadêmicos, com
título de IMORTAL, se deu em 28.11.2017, na cidade de Araripe, com grande festa
de diplomação, homenagens e jantar de confraternização.
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