Lucélia Muniz
Ubuntu Notícias, 25 de abril de 2018
Por Roseli Brito (Pedagoga - Psicopedagoga - Neuroeducadora e
Coach)
Diariamente recebo e-mails de Professores que desabafam suas angústias e
desespero por não saberem como trabalhar com crianças ou jovens que apresentam
alguma necessidade especial. Na pesquisa realizada com Coordenadores
também foram relatadas várias inquietações referente a esse tema.
Assim, visando oferecer mais subsídios para Professores e Coordenadores,
iniciarei uma série de artigos voltados ao esclarecimento das Deficiências.
Infelizmente, a Universidade não prepara o Professor para lidar com
essas crianças, por outro lado a Escola também não contempla, na formação
continuada, dar conta desta questão e capacitar os Professores e Funcionários
de Apoio para de fato tornar a inclusão uma realidade.
Mas de que inclusão estamos falando? Saiba que matricular a criança e
fisicamente garantir uma carteira dentro de uma sala de aula NÃO é
inclusão! Fazer a equivalência idade/série sem contemplar o devido apoio
pedagógico também NÃO é inclusão. Tentar enquadrar a criança ou jovem no mesmo
nível pedagógico que os demais alunos também JAMAIS será inclusão.
Vivemos em um mundo real e por esta razão é preciso analisar o contexto
atual em que estas crianças são recebidas: salas de aula lotadas, um único
Professor, sem a devida capacitação para lidar com nenhum tipo de deficiência,
a equivalência idade/série que acaba promovendo apenas a inclusão social, já
que a criança ou jovem convive com outras crianças da mesma idade cronológica,
porém há que atentar que a idade mental, dependendo da deficiência, não
contemplaria nem mesmo esta “inclusão social”.
Ainda há a situação em que todos os anos muitas Escolas são
surpreendidas com o recebimento de alunos com necessidades especiais (com
paralisia cerebral, limítrofes, ou algum tipo de síndrome), sem que tivessem
sido informadas de tal fato pelas famílias. Por outro lado, a família, com
receio de não conseguir a vaga, omite as reais necessidades da criança,
deixando assim, a Escola sem subsídios para iniciar o trabalho pedagógico.
Saiba que está situação é mais comum do que parece.
A SURPRESA:
Nos primeiros dias a Professora observa que aquela criança não interage
com as demais crianças, demonstra comportamento diferente para a idade, e não
se desenvolve no seu aprendizado. As tarefas que a criança realiza estão muito
aquém do grupo, ou então a criança nada realiza em todo o período que fica na
Escola. As notas estão sempre abaixo do esperado, o comportamento é agressivo,
ou indisciplinado, desestabilizando todo o grupo.
O QUE FAZER?
A família começa a cobrar os resultados da Escola e da Professora. A
Escola por sua vez, não dispõe de informações, laudos e diretrizes que possam
nortear o trabalho pedagógico. Se você tem algum aluno nesta condição, aqui
vão algumas sugestões que podem ajudar:
Convocar a família para uma Reunião e solicitar pós-escrito: Avaliação
Psicológica, Neurológica ou outras que julgar necessárias;
Dar um prazo para a família entregar o parecer médico na Escola;
Encaminhar o aluno para as terapias, caso a criança ainda não esteja
realizando, conforme os laudos recebidos;
Solicitar cópia do Receituário para verificação de quais medicamentos o
aluno faz uso, pois muitos deles ocasionam mudança de comportamento e
interferem na atenção, ocasionando lentidão de aprendizado e memória, bem como
agitação;
Levantar, junto a família, qual é a rotina do aluno, pois os familiares
de crianças especiais tendem a ser permissivos, assim eles crescem sem regras,
disciplina ou boas maneiras;
Atualizar o prontuário do aluno com todo o registro (cópias) de
diagnósticos de especialistas tais como: Neurologista, Psiquiatra, Psicólogo,
Fonoaudiólogo, Psicopedagogo, Terapeuta Ocupacional e outros, conforme o caso;
Estude sobre a deficiência do seu aluno, aprenda sobre suas
características e sintomas, de modo a saber detectar quais comportamentos
acompanham determinada deficiência, para que você tenha mais elementos e possa
distinguir o que é da doença e o que é falta de disciplina e educação;
Solicite Relatórios periódicos das terapias que a criança estiver
realizando, se possível mantenha contato direto com o Especialista em
questão;
Caso a família fique protelando indefinidamente as providências que o
Professor solicitou, acione o Conselho Tutelar e alegue que a família está
sendo negligente com as necessidades da criança.
Após tudo isso feito e levantado, chega a hora de:
Criar plano de curso específico e bem variado para as necessidades
de cada aluno, para isso consulte as Diretrizes Curriculares para Educação
Especial e os PCNS.
Criar plano de rotina/disciplina para que a família implante no lar.
Entrar em contato periódico com os profissionais que fazem a terapia do
aluno para fazer o acompanhamento da evolução do mesmo.
Criar uma rotina na escola e sala de aula, o que exigirá paciência e
persistência.
Promover a inclusão social (com os demais alunos), física (adequar as instalações físicas),
pedagógica (atividades diferenciadas e focadas nas necessidades do aluno).
Na impossibilidade de realizar o que está sendo exposto, cobre do poder
público o que estabelece a LDB no seu artigo 58 e 59.
Leitura Sugerida:
– Nota Técnica – SEESP/GAB/NO. 11/2010 –
Orientações para Atendimento Educacional Especializado.
Sugestão de Filmes sobre Inclusão:
– Primeiro da Classe (um homem com síndrome de Tourette torna-se
Professor).
– Temple Grandim (autismo).
– O Milagre de Ann Sullivan (auditivo).
– Como Estrelas na Terra – Toda Criança é Especial (Taare Zameen Par)
(dislexia).
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