Lucélia Muniz
Ubuntu Notícias, 02 de abril de 2018
Via Psicologias do Brasil
Chamamos
de Autismo a condição clínica determinada por uma configuração
neuropsicobiológica, que tem como resultado dificuldades na interação social,
no desenvolvimento da linguagem e na abertura para interesses do mundo ao
redor.
Neste
artigo, nossa proposta é dar algumas dicas que facilitarão sua comunicação com
um autista, seja ele seu filho(a), irmã(o) ou qualquer outro ente querido.
Nossa finalidade, com esta iniciativa, é tornar um pouco mais fácil o convívio
humano, facilitando, principalmente, a vida desses autistas. Quanto mais o
cuidador ou o professor ou qualquer outra pessoa envolvida diretamente numa
relação com um autista entender as particularidades do seu mundo, mais
autêntica poderá ser a relação estabelecida e menos frustrante para os dois
lados envolvidos.
O
autista tem dificuldades importantes na interpretação de elementos não-verbais
da linguagem. Isso quer dizer que sinalizações óbvias para os não-autistas,
como perceber que uma pessoa está triste sem que ela verbalize este sentimento,
mas os expresse pela sua mímica, tom de voz ou postura corporal, pode assumir a
complexidade de um enigma para os autistas.
Deste
modo, os outros seres humanos sempre estarão rodeados de uma aura de mistério e
imprevisibilidade, fazendo com que a convivência social se torne uma fonte
permanente de ansiedade para o autista, que só conta com a inteligibilidade do
que é expressamente falado para se orientar quanto ao que esperar das outras
pessoas.
Para
o autista: E esse outro ser humano que se aproxima? O que será que ele quer?
Vai me agredir? Tenho que reagir de algum modo específico? O que todas essas
pessoas estranhas esperam de mim? Sou igual a elas? Não sou?
Assim,
fica evidente o motivo da “paixão pelo imutável” dos autistas (expressão
utilizada por Leo Kanner, que descreveu pela primeira vez o mundo dessas pessoas
para os não-autistas).
Repetir
sistematicamente rotinas para se vestir, para chegar ao trabalho, para se
alimentar, etc., torna um pouco menos imprevisível o mundo à nossa volta. O
“apego ao mesmo” gera sensação de segurança, da mesma forma que as surpresas
(festas de aniversário, passeios, idas ao médico ou ao dentista) geralmente
assustam muito os autistas.
O
ambiente mais acolhedor para o autista é o ambiente conhecido, como seu quarto,
seu quarteirão, a padaria da esquina. Por isso, ao sair com seu filho autista,
leve o máximo de partes de seu ambiente doméstico junto (travesseiro, pedaços
de brinquedos, peças de roupa, além, é claro, DE VOCÊ MESMO).
Quanto
menos mudamos abruptamente nosso humor, e, portanto, o tom de nossa voz, nossas
expressões faciais e nosso contato, mais nos tornamos um porto seguro e estável
para nosso familiar autista. É difícil nos mantermos estáveis o tempo todo, mas
é importante lembrar que mudanças repentinas em nosso comportamento lançam
nosso ente querido autista no mais aterrador desamparo.
Por último, é
importante lembrar que apesar de demonstrar pouca ressonância com o ambiente
que o cerca, o autista NÃO DEVE SER VISTO COMO ALGUÉM QUE NÃO SENTE NADA! Muito
pelo contrário! Sente muito, e de forma tão total, intensa e aterrorizante que
vai conduzir sua vida (acompanhado das pessoas que se importarem com ele), na
tentativa de sobreviver às inconstâncias, instabilidades e imprevisibilidades
do caminho.
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