Lucélia Muniz
Ubuntu Notícias, 17 de janeiro de 2018
Sua música
ajuda para que as raízes da cultura do estupro se estendam. Sua música aumenta
a misoginia. Sua música aumenta os dados de feminicídio. Sua música machuca um
ser humano. Sua música gera um trauma. Sua música gera a próxima desculpa. Sua
música tira mais uma. Sua música é baixa ao ponto de me tornar um objeto
despejado na rua. Yasmin Formiga
Sobre a
Música Surubinha de Leve - MC Diguinho
Pega
a visão!
Pega a visão!
Pega a visão!
Pega a visão!
Aquele pique, óh!
É o Selminho que tá mandando
Anda, chama!
É o Diguinho que tá mandando
Anda, chama!
Pega a visão!
Pega a visão!
Pega a visão!
Aquele pique, óh!
É o Selminho que tá mandando
Anda, chama!
É o Diguinho que tá mandando
Anda, chama!
Mas traz uma piranha, aí!
Brota e convoca as puta
Brota e convoca as puta
Mas tarde tem fervo
Hoje vai rolar suruba
Só uma surubinha de leve
Surubinha de leve
Com essas filha da puta
Taca a bebida
Depois taca a pica
E abandona na rua*
Brota e convoca as puta
Brota e convoca as puta
Mas tarde tem fervo
Hoje vai rolar suruba
Só uma surubinha de leve
Surubinha de leve
Com essas filha da puta
Taca a bebida
Depois taca a pica
E abandona na rua*
Taca a bebida
Depois taca a pica
E abandona na rua
* Apologia ao estupro
Via Carta Capital
Para
Izabel Noronha, debate sobre as questões de gênero e a luta para combater e
punir toda e qualquer forma de machismo precisam ser priorizadas nas escolas.
(...)
Não há cálculos sobre o número de órfãos da
violência doméstica no Brasil. Mas, o Mapa da Violência, elaborado a partir de
dados do Ministério da Saúde, revela que o Brasil ocupa hoje a 5ª posição no
ranking de feminicídio, em um grupo de 83 países. São 4,8 assassinatos para
cada grupo de 100 mil mulheres. O número de estupros passa de 500 mil por ano
em todo o país. No caso dos assassinatos, 55,3% foram cometidos no ambiente
doméstico e 33,2% dos assassinos eram parceiros ou ex-parceiros das vítimas.
A violência de gênero é considerada um
problema de saúde pública por afetar mulheres em diversos países; no caso do
Brasil trata-se de uma epidemia. (...) A conscientização, o debate sobre
as questões de gênero e a luta para combater e punir toda e qualquer forma de
machismo precisam ser priorizadas nas escolas, no ambiente doméstico, nas
mídias e redes sociais todos os dias.
Para
enfrentar a violência, o país ganhou a Lei do Feminicídio. Assinada no dia 09
de março de 2015 pela presidenta Dilma Rousseff, a lei estabelece que o
assassinato de mulheres pode ser considerado homicídio qualificado e tratado
como crime hediondo, o que dobra a pena.
Lamentavelmente neste início de 2018, quase um século depois que a
filósofa Simone de Beauvoir popularizou a bandeira do feminismo, a igualdade
entre homens e mulheres ainda é um ideal longe de ser assimilado pela nossa
sociedade.
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