Carta Capital
No Brasil, a população negra é mais atingida pela violência,
desemprego e falta de representatividade
A
população negra é a mais afetada pela desigualdade e pela violência no Brasil. É o que alerta a Organização
das Nações Unidas (ONU). No mercado de trabalho, pretos e pardos enfrentam mais
dificuldades na progressão da carreira, na igualdade salarial e são mais
vulneráveis ao assédio moral, afirma o Ministério Público do Trabalho.
De
acordo com o Atlas da Violência 2017, a população negra também
corresponde a maioria (78,9%) dos 10% dos indivíduos com mais chances de serem
vítimas de homicídios.
Ao
ser confrontado com as estatísticas, o racismo brasileiro, sustentado em três
séculos de escravidão e muitas vezes minimizados pela branquitude nativa, revela-se sem meias palavras.
"Esse
é um país que convive com uma desigualdade estrutural, especialmente em relação
à questão racial", afirma Kátia Maia, diretora executiva da Oxfam, em
entrevista à CartaCapital.
Oded
Grajew, presidente do conselho deliberativo da organização, diz que o
preconceito social no País passa também pelo racismo. "Só não concorda
quem não acompanha o dia a dia da vida brasileira. Um negro que dirige um carro
médio, por exemplo, é parado diversas vezes pela polícia, ou quando vai a um
restaurante, avisam a ele que a entrada de serviço é do outro lado. Para curar
qualquer doença, é preciso reconhecer a doença", afirma.
Segundo
o IBGE, mais da metade da população brasileira (54%) é de pretos ou pardos,
sendo que a cada dez pessoas, três são mulheres negras.
(...)
Baixa
representatividade no cinema e na literatura
Só
10% dos livros brasileiros publicados entre 1965 e 2014 foram escritos por
autores negros, afirma pesquisa da Universidade de Brasília (UnB) que também
analisou os personagens retratados pela literatura nacional: 60% dos
protagonistas são homens e 80% deles, brancos.
Já
a pesquisa "A Cara do Cinema Nacional", da Universidade Estadual do
Rio de Janeiro, revelou que homens negros são só 2% dos diretores de filmes
nacionais. Atrás das câmeras, não foi registrada nenhuma mulher negra. O fosso racial permanece
entre os roteiristas: só 4% são negros.
O
levantamento da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) considerou as
produções brasileiras que alcançaram as maiores bilheterias entre 2002 e 2014.
Dentre os filmes analisados, 31% tinham no elenco atores negros, quase sempre
interpretando papeis associados à pobreza e criminalidade.
(...)
0 comments:
Postar um comentário
Deixe seu comentário mais seu nome completo e localidade! Sua interação é muito importante!