Discurso
do Paraninfo da Turma do Curso Técnico em Redes de Computadores e representante
de todos os paraninfos das turmas de Agronegócio, Edificações e Finanças, da
Escola Estadual de Educação Profissional Wellington Belém de Figueiredo, em
Nova Olinda-CE.
Professor Nicolau Neto*
Excelentíssima Srª. Diretora desta
instituição de ensino Professora Lúcia Silva Santana;
Ilustríssima Srª. Coordenadora Escolar
Professora Ana Maria Batista;
Ilustríssimo Sr. Coordenador Escolar
Professor Francisco de Assis Batista;
Ilustríssimo Sr. Coordenador, de
Estágio Professor Paulo Robson;
Ilustríssimas e ilustríssimos
patronos;
Ilustríssimas e ilustríssimos
paraninfos;
Ilustríssimas e ilustríssimos
professores coordenadores de cursos;
Meus caros companheiros e companheiras
professores e professoras aqui presentes;
Secretárias desta escola;
Vigilantes, porteiros;
Merendeiras;
Zeladoras;
Jardineiros;
Prezados pais, parentes, amigos e
amigas dos (as) formandos (as);
Minhas amigas e meus amigos formandos
(as) das primeiras turmas da Escola Estadual de Educação Profissional
Wellington Belém de Figueiredo.
As minhas palavras iniciais são de
gratidão. Gratidão por ter tido a oportunidade de fazer parte da vida e da
história de cada um de vocês. Com imensa alegria recebi o convite para ser
paraninfo da turma de Redes de Computadores. Um coletivo que tive a honra de ter
sido o diretor de turma. Confesso que mesmo na minha saída ainda me sentia nas
funções – professor e diretor de turma. Pois a relação que conseguimos foi
muito além daquela ao qual estávamos propostos a ter. Fomos e seremos mais do
que professor e alunos (as). Fomos e seremos amigos, parceiros. Nossa relação
teve e sempre terá como pilares o respeito, a lealdade, a politização e o
exercício da cidadania. Sem isso, nosso convívio não teria vingado. Amizade,
respeito, fidelidade e confiabilidade de mim para com todos (as) e de vocês
para comigo foram e são os nossos maiores prêmios.
Feliz também fiquei por ter sido
escolhido para representar os demais paraninfos e estar agora proferindo estas
poucas, mas sinceras palavras. Sei que qualquer outro (a) que aqui estivesse
também honraria o convite.
Dirijo-me de forma especial a todos
(as) os formandos (as). Sei o quanto este momento é importante para cada um
(a), como também o é para seus pais – a quem quero externar o meu respeito e
gratidão pelo companheirismo, respeito e apoio que a eles (as) deram no
decorrer dessa caminhada inicial dos estudos. Pois vocês – pais - mais do que
ninguém são conhecedores de que a conclusão deste curso é uma realidade, mas
não se configura como a chegada, o ponto final. É verdade que não deixa de ser um
grande passo para a realização profissional, mas os estudos só estão começando.
Aliás, agora de fato é que se deve dar
mais atenção a eles (estudos). Peço licença para citar um provérbio popular – “Os ignorantes, que acham que sabem tudo,
privam-se de um dos maiores prazeres da vida: aprender”. A ideia de sempre
querer aprender e ensinar é antiga. Aristóteles, filósofo grego, dizia “a alegria que se tem em pensar e aprender
faz-nos pensar e aprender ainda mais”. Sendo assim, que vocês, formandos,
não aceitem parar de aprender. De igual modo, não aceitem menos do que aprender
a pensar e aprender pensando. Sem isso a aprendizagem é um desastre, não lhes
servirá.
Caros alunos concludentes, fiquei
pensando a manhã deste sábado (21/01/2017) o que poderia dizer em um momento
tão relevante no histórico estudantil de cada um. Pensava apenas em desejar
sucessos, mas isso seria simples demais, vazio demais para a ocasião. Por isso,
fiz um resgate do nosso tempo de convivência ao qual disponho de lembranças
maravilhosas. Conviver aqui reavivou a esperança de que podemos sim alcançar
uma sociedade menos elitista, menos patrimonialista, menos desigual, menos
preconceituosa e mais justa, mais igual, mais plural, mais, mais, mais,
definitivamente mais HUMANA. Cada um na sua singularidade e particularidade me
reanimou e fez com que um sentimento que estava adormecido acordasse – o desejo
de construir uma educação voltada para a diversidade étnica-racial e uma
educação reconhecedora dos valores dessa pluralidade que tão bem caracteriza
nosso país.
Vocês me fizeram continuar a acreditar
que é possível romper as barreiras do sistema. Me fizeram como nunca antes
sentir o prazer de reuni-los/as - mesmo sem ser em momentos de aulas - e falar
sobre tudo, debater sobre tudo e questionar tudo. Afinal é esse o ofício
correto do professor e o de vocês enquanto alunos (as) é o de nos desafiar a
derrubar os muros do comodismo. Cito aqui um dos maiores líderes sul-africano e
um dos maiores ícones internacional na defesa das causas humanitárias – Nelson
Mandela - “a educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”.
Vivenciamos distintos momentos. Uns
regados de descontração, de alegria. Outros sérios e polêmicos, mas em todos
eles predominou o diálogo e o respeito as opiniões, pois sem essas
características a sociedade democrática de direito, da qual a escola é um
espaço importante, está fadada ao fracasso. Paulo Freire, o mais célebre
educador brasileiro, já nos alertava sobre a importância do diálogo e do
respeito a opinião do outro. “Quando a
educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor”, dizia.
Meus queridos e minhas queridas, há um
mundo para além dos muros da escola. Mas a forma com que encaramos a vida lá
fora depende da educação. A vida vai fazer com que assumamos responsabilidades
e procurar caminhos que podem nos levar ao sucesso ou ao fracasso e que podem
abrir as portas para o conhecimento que levarão ou não ao crescimento pessoal e
profissional. Vai depender de que tipo de escolha vocês farão. Vai depender
também que leitura vocês escolherão fazer da realidade. Mario Quintana disse
uma vez que "os verdadeiros
analfabetos são os que aprenderam a ler e não leem". No nosso modelo
de sociedade tem muitos (as) doutores (as) por formação, mas analfabetos em
posicionamentos diante da realidade. Passaram anos e anos entre quatro paredes
na companhia de professores/as, obtiveram títulos e mais títulos, mas são
incapazes de utilizá-los em benefício da coletividade e da transformação da
realidade para melhor. O comodismo e a obediência cega ao sistema os impedem
disso.
É o meu desejo que vocês possam ser os
(as) letrados (as) que leem, interpretam e sejam capazes de transformar o
ambiente em que vivem. Rubem Alves - psicanalista, educador, teólogo, escritor
e ex-pastor presbiteriano brasileiro, tem um texto brilhante que nos ajudará a
entender o que ora estou afirmando. Muitos optarão por seguir a formação
técnica, outros a complementarão com o curso de nível superior e outros ainda
seguirão por outros cursos superiores, por isso, substitui - mas sem prejuízo
para a compreensão - a palavra “escola” por “universidade”:
“Há
universidade que são gaiolas e há universidades que são asas. Universidades
que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo.
Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode
levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de
ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo. Universidades que são
asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em voo.
Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas não
podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado.
Só pode ser encorajado.” Por isso, formandos, deixo aqui e já
encerrando as minhas palavras, os últimos conselhos. Não aceitem ser menos do
que sujeitos. Não aceitem ser menos do que pessoas críticas e atuantes. Aceitem
apenas ser o protagonista da história.
Por fim, mas não menos importante,
cito Cora Carolina que nos lembra "o
que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e
semeando, no fim terás o que colher".
Iniciei agradecendo e concluo também com
o sentimento de gratidão pelo carinho de todos (as) e pela generosidade da
escolha para paraninfo da turma de Redes de Computadores e de igual modo para
representar a todos (as) os paraninfos. Podem ter a certeza de que esse momento
ficará gravado em minha vida pessoal e profissional, pois me engrandece
enquanto professor. Desejo uma ótima formatura. Uma ótima noite. E muito, muito
sucesso. Gratidão, gratidão e gratidão!!!
*Professor,
membro do Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec), servidor público no
município de Altaneira, diretor de programação da Rádio Comunitária Altaneira
FM e administrador/editor do Blog Negro Nicolau.
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