(...) se sentia como uma criança antes de pular da
cama para vestir a armadura de mulher adulta (...)
A Balada de Adam Henry de Ian McEwan
Ontem (26) terminei a leitura
do livro – A Balada de Adam Henry – e me deparei com uma série de
questionamentos. O próprio núcleo do livro gira em torno do mundo de uma juíza
e um caso que envolve o entendimento de preceitos religiosos mediante o dever de
salvar ou não uma vida.
Neste ponto indaguei a minha
sobrinha: - Sabe por que o livro é sempre melhor que o filme? E, logo em
seguida afirmei: - Porque no filme não caberia a riqueza de detalhes de um
livro.
Se engana quem pensa que o
autor se atém a este caso apenas, ele acaba por descrever a rotina de trabalho
da jurista (a juíza Fiona) em detalhes. Ao final do livro, o autor justifica
dizendo que recorreu a um amigo jurista para conseguir escrever algumas
situações referenciadas na leitura.
Escolhi o trecho citado logo
ao início desta postagem “(...) vestir a
armadura de mulher adulta (...)” para tentar expor algumas questões que me
ocorreu subitamente. O contraponto do livro é a vida pessoal de Fiona: sua
idade (as inseguranças de seus quase 60 anos); um casamento por um fio (marcas
da traição do marido); um casal sem filhos (solidão/maternidade); e sua própria
rotina.
Sua profissão dita sua
conduta inabalável, afinal nascemos numa sociedade engessada onde as regras já
vem todas “empacotadinhas”. Não existe meio termo! E assim conduzimos nossa
vida, fazendo escolhas, tomando decisões, abrindo mão de novas possibilidades,
sendo conveniente, muitas vezes...
Optar por manter um
determinado ritmo, uma “rotina saudável” aos olhos da sociedade pode ser bem
mais cômodo. Quanto a personagem do livro – eis que representa as mulheres que
vestem sua armadura de adulta. E, quantas de nós vestimos esta armadura ainda
na infância, queimando etapas da nossa vida? Quando começamos a trabalhar antes
da maioridade ou nos tornarmos mães de forma precoce ou ainda nos arrependemos
tardiamente por não ter filhos...
Se a personagem principal do
livro, a juíza Fiona da Vara da Família, baseava seus vereditos no bem-estar e
proteção das vítimas analisadas nos casos que julgava... Como encontrar este
caminho em sua própria vida pessoal?
- Talvez vestindo sua
armadura de mulher adulta!
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