O Rio de Janeiro vai receber em
agosto os Jogos Olímpicos de 2016. Será a primeira cidade da América do Sul a sediar
o evento esportivo. Mais de 10 mil atletas de 206 países vão testar seu
desempenho em 306 provas. Mas não espere resultados surpreendentes em
modalidades como as corridas curtas e os saltos em distância, atividades mais
prejudicadas pela resistência do ar.
Em baixas altitudes, caso do Rio
– em média a apenas 2 metros do nível do mar – o ar é mais concentrado, tem
maior densidade, e para essas modalidades esportivas um ar menos denso seria
mais favorável.
Esse e outros assuntos
relacionados são objeto dos seminários sobre a Física e os esportes
apresentados toda terça-feira por Otaviano Helene, professor do Instituto de
Física da Universidade de São Paulo (USP).
“Como a resistência do ar depende
de sua densidade e do quadrado da velocidade com que o atravessamos, ela é um
fator importante quando se está correndo a velocidades de 10 metros por
segundo, a exemplo das corridas curtas e do salto em distância”, explica
Otaviano.
Ele volta ao ano de 1968, quando
aconteceram os Jogos Olímpicos da Cidade do México que renderam recordes
históricos. “Usualmente, um recorde olímpico é superado uma ou duas olimpíadas
mais tarde ou, no máximo, na terceira, mas os casos da Cidade do México
foram diferentes”, lembra.
Naquela olimpíada, o americano
Jim Hines, por exemplo, completou a corrida de 100 metros rasos em 9,95
segundos, tempo só superado cinco olimpíadas depois, em 1988, em Seul, na
Coréia do Sul. Outro recorde só superado seis olimpíadas mais tarde é o de Lee
Evans, que conquistou a medalha de ouro na corrida masculina de 400 metros,
completada em 43,85 segundos. Já o salto em distância do atleta Bob
Beamon, com 8,90 metros, é, ainda hoje, o melhor desempenho em todas as
olimpíadas.
A altitude da Cidade do
México, a 2.200 metros do nível do mar – muito mais alta do que as sedes
seguintes dos jogos olímpicos — pode ser uma explicação para tantos
recordes, diz Otaviano. A altitude é favorável às atividades de altas
velocidades e desfavorável para as atividades que envolvem longo tempo de
corridas – o futebol, por exemplo. “A 2.200 metros de altitude, a densidade do
ar é quase 25% menor do que a registrada no nível do mar”, já tinha comentado
ele no artigo “Esporte e Ciência” da Scientific
American Brasil, em julho de 2014.
Salto com vara
A Física é uma ciência básica
envolvida em tudo que nos rodeia. As leis da Física regem movimentos,
velocidade, força, inércia e atrito. As pesquisas nessa área podem ser grandes
aliadas dos atletas, na medida em que ajudam a análise dos resultados e a
melhora do desempenho.
O professor criou um blog, o Ciências
Olímpicas, para divulgar textos com análises do esporte, do ponto de vista
da Física. Uma das postagens fala do salto com vara, um bom exemplo de como a
energia se transforma: de cinética, no final da corrida, em potencial
gravitacional, quando o objetivo é atingido: chegar o mais alto possível.
No salto com vara o atleta corre,
carregando uma longa vara de material flexível e após atingir uma velocidade
adequada, a mais alta que conseguir, encosta a vara em um encaixe no solo e,
pelo “embalo” que tem, “entorta” a vara, transformando toda sua energia
cinética em energia potencial, correspondente à deformação da vara. Essa mesma
energia potencial é usada para “lançar” o atleta para cima. “A energia
potencial armazenada na vara é transformada em energia potencial gravitacional
e energia cinética do movimento vertical do atleta. Ao atingir a altura máxima
a vara não está mais “entortada”, sua velocidade se anula e toda a energia será
potencial gravitacional”, comenta.
A altura do salto pode ser
definida com base nessas transformações da energia, de cinética (no final da
corrida) até potencial gravitacional, quando a altura máxima é atingida,
explica Otaviano. A estimativa para homens é de 6 metros (sendo 4 metros de
ganho de energia cinética + 1 metro do centro de massa + 1 metro de empurrão
final) e para mulheres, 5 metros (sendo 3 metros de ganho de energia cinética +
1 metro do centro de massa + 1 metro de empurrão final).
Os recordistas mundiais na
modalidade são o francês Renauld Lavillenie, com a marca de 6,16 metros,
conquistada em Donetsk, na Ucrânia em 2014 e a atleta russa Yelena
Isinbayeva, com a marca de 5,06 metros, na etapa de Zurique, na Suíça, da
Golden League, em 2009.
Ficou interessado em conhecer
mais sobre a ciência nas diferentes atividades esportivas?!
- 04 de março de 2016
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