A nota aponta ainda preocupação o contexto
político brasileiro e apela publicamente à salvaguarda do Estado Democrático e
de Direito
25/03/2016
Por Mariana Tokarnia
Da Agência Brasil
A ONU
Mulheres Brasil divulgou nessa quinta-feira (24) uma nota na qual condena a
violência de ordem sexista que vem sendo praticada contra a presidenta Dilma
Rousseff. "Nenhuma discordância política ou protesto pode abrir margem
e/ou justificar a banalização da violência de gênero", diz o comunicado,
assinado pela representante da entidade, Nadine Gasman.
Dilma é a
primeira mulher a assumir a Presidência do Brasil. Por questões políticas, têm
sido vítima de xingamentos sexistas, de depreciação da figura da mulher e
outras violências que a atacam enquanto mulher. Mensagens com esses tipos
xingamentos, algumas bastante agressivas, ofensivas e com palavras de baixo
calão, são vistas em cartazes e ouvidas durante protestos contra a petista.
A nota diz
que a ONU Mulheres observa "com preocupação o contexto político brasileiro
e apela publicamente à salvaguarda do Estado Democrático e de Direito" e
destaca ainda que, nos últimos 30 anos, a democracia e a estabilidade política
no Brasil tornaram reais direitos humanos, individuais e coletivos. "São,
sobretudo, base para políticas públicas – entre elas as de eliminação das
desigualdades de gênero e raça – determinantes para a construção de uma
sociedade inclusiva e equitativa", diz.
Leia a nota
na íntegra:
"A ONU
Mulheres observa com preocupação o contexto político brasileiro e apela
publicamente à salvaguarda do Estado Democrático e de Direito.
Aos poderes
da República, a ONU Mulheres conclama a preservação da legalidade, como
condição máxima das garantias estabelecidas na Constituição Federal de 1988 e
nos tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil é
signatário.
À sociedade
brasileira, a ONU Mulheres pede serenidade nas manifestações e não-violência
frente aos debates públicos necessários para a condução democrática dos rumos
políticos do país. O debate saudável entre opiniões divergentes deve ser parte
intrínseca da prática cidadã em uma democracia.
Nos últimos
30 anos, a democracia e a estabilidade política no Brasil tornaram reais
direitos humanos, individuais e coletivos. São, sobretudo, base para políticas
públicas – entre elas as de eliminação das desigualdades de gênero e raça –
determinantes para a construção de uma sociedade inclusiva e equitativa.
Como
defensora dos direitos de mulheres e meninas no mundo, a ONU Mulheres condena
todas as formas de violência contra as mulheres, inclusive a violência política
de ordem sexista contra a Presidenta da República, Dilma Rousseff. Nenhuma
discordância política ou protesto pode abrir margem e/ou justificar a
banalização da violência de gênero – prática patriarcal e misógina que invalida
a dignidade humana.
Que o legado
da democracia brasileira, considerado referência no mundo e especialmente na
América Latina e Caribe, seja guia para as soluções da crise política.
Nadine Gasman
Representante
da ONU Mulheres Brasil
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