José Humberto Pereira Muniz Filho
Novolindense, Bacharel em Direito
pela UFPB, Mestrando em Direito pela UNICAP-PE, Advogado, residente em João
Pessoa-PB.
ENTREVISTA nº 12
Lucélia Muniz - Dentro do contexto atual, na sua opinião, quais as principais
conquistas alcançadas pelas mulheres?
José Humberto Filho - Acredito que acima de
qualquer conquista “formal”, o maior trunfo foi o “despertar respeito” no meio
social. Refiro-me à atenção especial e percepção de grandeza que a mulher
passou a desempenhar na sociedade nos últimos dois séculos, especialmente de
meados do Século XX em diante.
Lucélia Muniz - Em pleno século XXI, quais situações ainda são enfrentadas pelas
mulheres? Seja na questão de gênero, na falta de políticas públicas e/ou no
contexto socioeconômico.
José Humberto Filho - Para a resposta desse
item, faço a seguinte reflexão. Sendo bem analítico, essa discussão sobre
“questão de gênero”, no Brasil, tomou maior intensidade nos últimos dez anos,
decorrendo, principalmente, dos reflexos sociais da Lei Maria da Penha. Logo, essa temática (no Brasil) é recente e
possui premissas jovens, de maneira que esse debate deve ser amadurecido para
uma discussão mais sólida, ao contrário do que é propagado.
No contexto socioeconômico e
político, as mulheres vêm ganhando espaço, e espaços importantes. Se pararmos e
fizermos um breve mapeamento, notamos que os espaços público de grande
importância são capitaneados por mulheres. Prova disso, temos a Presidência do
nosso país nas mãos de uma mulher; nossos vizinhos argentinos eram liderados
até pouco tempo por uma mulher; a Alemanha, uma das economias mais sólidas do
bloco europeu e uma nação de desenvolvimento admirável, tem como Chefe do
Parlamento uma Mulher; cada vez mais as mulheres tomam espaço antes reservados
ao público masculino (p. ex., imaginem quantos de vocês já se depararam com mulheres
médicas, magistradas, promotoras, advogadas, engenheiras...).
Enfim, penso que as
situações/dificuldades enfrentadas pelas mulheres tendem a elidir
gradativamente. Existem dificuldades? Sim, naturalmente. Não sendo clichê, posso
citar o preconceito, o machismo, a desconfiança, a violência doméstica, etc.
Ora, vivemos em um país de marca patriarcal enraizada por mais de cinco
séculos. Uma transformação, uma “revolução” de pensamento e comportamento não
ocorrerá instantaneamente.
Lucélia Muniz - E como a Educação pode ser usada como uma “arma” no combate a estas
situações?
José Humberto Filho - Bem, é fato que a
educação é a chave para o desenvolvimento de qualquer nação. Infelizmente,
nosso País passa por um profundo estado de letargia no sistema educacional.
Isso pode parecer um absurdo, mas não é. Educação não se confunde com quantidade,
formação, titulação ou graduação.
Educação vem da base e
representa senso crítico e político. Contudo, o ensino básico no Brasil é um
caos. Ao contrário de países desenvolvidos (como Japão, Alemanha, Estados
Unidos...), nos quais o sistema educacional foi construído a partir de largos
investimentos na educação fundamental, visando a construção de conhecimentos
consistentes e um elevado grau de reflexão ainda na infância e na
pré-adolescência, aqui, pega-se a contramão: investe-se na educação superior,
na reta final de um cansativo percurso. De tal forma, não surpreendentemente, a
conta chega, e chega cara.
Tratando-se da educação como
“arma” ao combate das dificuldades enfrentadas, temos que ter em mente a
educação básica. Os valores e as premissas necessárias a esse combate devem ser
implementados ainda na educação fundamental de maneira séria e objetiva, a
partir de rigorosos critérios pedagógicos e da adoção de modelos educacionais
que deram certo em outros países.
Sobretudo, é imprescindível
dissociarmos a educação no combate às dificuldades passadas pelas mulheres de
práticas político-ideológicas. Aquela se baseia nos parâmetros já citados, e
busca o desenvolvimento de uma convivência harmoniosa pautada no respeito e
cooperação entre crianças, adolescentes, homens e mulheres; já as últimas são
fundadas em um discurso subjetivo sem o rigor técnico-científico exigido pela
matéria. Infelizmente, este último modelo vem crescendo a cada dia em nosso
país.
Lucélia Muniz - Neste Dia Internacional da Mulher, no mês de março, qual Mulher você
gostaria de homenagear em nome de todas? Por que?
José Humberto Filho - Por fim, encerro essa
nossa conversa homenageando, em nome de todas as mulheres, minha avó, Risalva
Feitosa – minha referência de determinação, disciplina e afeto. Justifico a
ausência de sua imagem pelo fato dela não ser muito “fã” de fotos.
O tema foi muito bem abordado. Parabéns!
ResponderExcluir3º Ano "A"
Equipe:
Pablo;
José;
Heloyza;
Felipe.