João Lucian Ferreira da Silva
Novolindense, Professor,
graduado em História, com pós-graduação em Metodologia do
Ensino de História e Geografia, residente aqui em nosso município.
ENTREVISTA nº 15
Lucélia Muniz - Dentro do contexto atual, na sua opinião, quais as principais
conquistas alcançadas pelas mulheres?
João Lucian - A
mulher mundial, de forma particular a brasileira, tem conseguido a troco de
muita organização e luta alcançar espaços inimagináveis, se levado em consideração
a memória histórica dessa categoria e os tristes traços da estrutura da
sociedade, a saber: preconceituosa, machista, patriarcal, injusta...
As conquistas perpassam pelos
mais variados campos, podendo aqui ressaltar: o crescente aumento do número de
mulheres ocupando cargos nas estruturas de poder; participação qualificada e em
pé de igualdade na vida política, econômica, social do país; Igualdade de
direitos; inserção nos distintos campos de trabalho; Asseguramento de políticas
sociais, de gênero, e de combate e criminalização da violência contra a mulher.
Ainda que insuficiente, estas
conquistas têm apontado para o horizonte de uma sociedade mais justa,
democrática e humana.
O Dia Internacional da Mulher
(08 de março) tem notadamente se constituído ambiente importante para
comemorações, homenagens, denúncias e reflexões sobre a conjuntura da mulher na
sociedade, suas conquistas e os desafios a serem enfrentados. A natureza da existência
de um dia especialmente dedicado às mulheres e as formas diferenciadas de se
viver este dia, não tem sido consenso nem entre os mais críticos e defensores
de um mundo mais justo e de mulheres emancipadas. De qualquer modo, acredito
não ser esta discussão a mais importante da engrenagem. Prefiro fortalecer a
importância das mulheres para o mundo, e assim, reconhecer a insuficiência do
08 de março diante da magnitude que estas representam.
Lucélia Muniz - Em pleno século XXI, quais situações ainda são enfrentadas pelas
mulheres? Seja na questão de gênero, na falta de políticas públicas e/ou no
contexto socioeconômico.
João Lucian - Acredito,
ser as conquistas supracitadas importantes, porém, faz-se necessário ressaltar
a sua insuficiência. O empoderamento das mulheres do século XXI não tem sido
bastante para isentar de um todo os entraves que emperram a vivência plena de
sua feminilidade. Ser mulher, segundo o
padrão que o século cobra, não deve ser fácil.
A sociedade continua
tristemente pautada no pensamento machista. Continua a crença da subordinação
da mulher em relação ao homem e, mesmo com o vigor da Lei Maria da Penha
(11.340/06), persiste escancaradamente a violência contra mulher, nas suas
diferentes maneiras e expressões. A representação feminina na política ainda é
ínfima e sintomática, reflete a natureza sexista da sociedade.
As mulheres são feitas
marginais pelo sistema e carentes de um olhar e políticas que as promovam e
dignifiquem cada vez mais.
Lucélia Muniz - E como a Educação pode ser usada como uma “arma” no combate a estas
situações?
João Lucian - A
conjuntura nos cobra mais organização para lutar e fazermos resistência aos
pensamentos e ações que fortalecem o retrocesso.
Nelson Mandela já preconizava: “A
educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”. Em
consonância com este pensamento, diria que, conceber a superação destas
situações sem utilizarmos a educação como ferramenta, seria um tanto
complicado, pois, é através da educação que estranhamos, julgamos e
transformamos.
Não devemos nem podemos
desacreditarmos da possibilidade de superação dessa estrutura social. Se
perdêssemos a capacidade de acreditarmos na dose de realidade presente nas
utopias, perderíamos também a crença na educação e no seu poder para mudar o
mundo.
Lucélia Muniz - Neste Dia Internacional da Mulher, no mês de março, qual Mulher você
gostaria de homenagear em nome de todas? Por que?
João Lucian - Ontem,
hoje, amanhã é sempre será dia para se homenagear elas (as mulheres)!
Em nome de todas as outras
mulheres do mundo, gostaria de homenagear Dona Joana Ferreira da Silva. Mulher
humilde, trabalhadora, fraterna e corajosa. Mulher que mesmo sendo analfabeta,
nunca teve dúvida do poder da educação para transformar nossas vidas, e que
para honrar suas orientações, frequentou várias escolas de Educação de Jovens e
Adultos, pelas quais conseguiu aprender escrever seu nome e assim mudar seus
documentos, cultivando uma pedagogia que nos servia de exemplo.
Mulher que amo!
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