21/03/2016

Agassiz Almeida: Para onde querem levar este país

Mensagem ao ministro Ricardo Lewandowski, presidente do STF

Para onde querem levar este país? Lá no mundo mitológico Caos, deus da desordem, falou: Querem incendiar a nação e levá-la a uma ditadura imprevisível movida por um tresloucado maniqueísmo: eu sou Cristo e o meu adversário Lúcifer.
Ante este entre choque, sobressalta-se o povo brasileiro.
Disto tudo, agravado por uma crise mundial e um furor político em que se acumpliciam a incompetência de uma gestão e a irresponsabilidade de uma oposição quixotesca sem um Projeto Brasil, o país queda-se sem rumos.

Assiste-se a um teatrão. Shakespeare nele se perderia na criação de seus personagens, embaralhando Macbeth e Eduardo Cunha, Hamlet com Pesão.
Face a este cenário surrealista que caminho encontrar? Erige-se um semideus da moralidade, em torno de quem a justiça é o princípio e o fim; suas decisões despejadas do Olimpo, contra elas não existem apelações ou habeascorpus.

Como um impacto divulgatório deste autoritarismo adentra-se pelos lares de milhões de brasileiros, uma poderosa mídia televisiva e lança sobre a nação 24 horas de carga informativa com escândalos e tragédias.
Que dramalhão midiático! Expõe nomes e rostos de acusados à execração pública.

Repete por dias e meses orquestração massacrante, numa verdadeira trama novelesca de que um ex-presidente presenteou há 40 anos sua amante; outro ex-presidente adquiriu um apartamento tríplex e sítio no interior de São Paulo. Por epílogo, espetaculariza decisões autoritárias do juiz da LavaJato.

Ministro Ricardo Lewandowski, como membro do Ministério Público asseguro que o juiz coordenador da LavaJato atropela afrontosamente a legislação penal, confundindo crimes de enriquecimento ilícito e delitos eleitorais. A ação delituosa se tipifica pelos fins objetivados pelo agente do crime.

Olhemos a história. Lembrai-vos de 1954, 1961 e 1964. Na ditadura militar um major do exército, cheio de poder e prepotência, ordenava o comparecimento forçado do ex-presidente Juscelino Kubitschek a uma guarnição militar; meio século depois, um juiz de 1º grau comandando uma operação investigativa baseada em “delações premiadas” arrancadas de atemorizados prisioneiros, com tentáculos que alcançam até compras de barcos, fogões e presentes para crianças, determinou numa decisão rocambolesca a condução coercitiva do ex-presidente Lula para depor numa delegacia de polícia.

Que ópera-bufa se assiste, ontem como hoje!
Esta operação LavaJato me lembra a obra de Charlie Chaplin “O grande ditador”, na qual retrata a ira de um juiz que em meio a dezenas de acusados, lança as suas sentenças só contra um deles.

Esta interrogação perturba a nação: A corrupção para fins eleitorais só grassa no PT, nos outros partidos, não?
E nesta parafernália o país é sacudido por um ruído esquizofrênico vindo de São Paulo provocado por promotores de justiça, a se desandarem nesta excrescência, peticionam pela prisão do ex-presidente Lula.

Olhemos as lições que a história nos legou.
Cessem a volúpia encarniçada pelo poder, antes que um furacão arraste a nação a uma guerra fratricida.
Cessem de inflamar o povo brasileiro ao ódio, levando-o às ruas para o desaguar de paixões desenfreadas.
Do ódio e do fanatismo explodem as guerras civis.

Nota: Agassiz Almeida é escritor, ativista dos direitos humanos, deputado federal constituinte de 1988, promotor de justiça aposentado, autor de obras clássicas da literatura brasileira sobre o elitismo e o militarismo. É considerado pela crítica como um dos grandes ensaístas do país. (Dados colhidos no Google e na Wikipédia).
Obs.: Cristovam Buarque e Agassiz Almeida estão escrevendo este livro: “Por que o Brasil ainda não deu certo”.

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