Respeitar as diversidades e combater as desigualdades
Os povos indígenas Brasileiros assumem cada vez mais o papel de
protagonistas na construção de uma outra História, atuando em diversos campos
de participação democrática, bem como na construção de políticas indigenistas,
tratando de seus interesses sob uma perspectiva de luta traçada pelo
reconhecimento dos direitos coletivos acerca do direito aos territórios
tradicionais indígenas, da diversidade étnica e cultural e de uma ampla
visibilidade as nossas formas próprias de organização social, costumes, crenças
e tradições.
Os povos indígenas do Brasil, historicamente, têm sofrido
violações de seus direitos. Como sabemos, a terra que hoje se chama Brasil, na
época da chegada da colonização europeia, era povoada por aproximadamente seis
milhões de indígenas, pertencentes a diversos povos, cada um com suas línguas
e particularidades culturais diferentes. No entanto, a ganância dos “não
índios”, em sugar toda riqueza de nossas terras e de trazer impactos
incalculáveis à nossa natureza, quase dizimou a população indígena brasileira.
De milhões restaram poucas dezenas de milhares resistindo às mazelas da
sociedade, esta, por sua vez, agindo mediante ganâncias individuais para
justificar a truculência cometida contra nossos povos em nome do “Progresso”.
(...)
O direito à diferença foi, sem dúvida alguma, o aspecto mais
abalado, tendo em vista todas as intervenções
negativas que os europeus realizaram. Por conta de nossos povos cultuarem
“deuses” diferentes da sociedade ocidental e de não seguirem o padrão religioso
dos colonizadores, nos taxaram de animais ou seres desalmados. Por não vivermos
definindo tarefas cotidianas da época sob o tempo cronometrado e por tirarmos
da natureza não mais do que seria necessário para o sustento de nossas aldeias,
nos taxaram de preguiçosos.
(...)
Os vários mecanismos de extermínio contra os indígenas no Brasil
foram diversos e a não aceitação, por parte dos indígenas, das imposições
trazidas por um novo sistema de organização, coordenado por Portugal,
impulsionou a perseguição e a dizimação de diversas nações indígenas
constituídas.
(...)
Assim sendo, consideramos os conflitos armados um dos mais
importantes instrumentos que causaram o genocídio e etnocídio contra
nossos povos.
Tirar nossos povos de seus locais de origem e iniciar um processo
de delimitação de seus espaços de ocupação, de forma repressora, tornando-os
reduzidos, subtraiu de nossos povos parte de nossas identidades.
(...)
Diante de todas as informações coletadas até o momento atual e da
trajetória vivenciada pelos resistentes povos indígenas brasileiros, não
podemos admitir que a História oficial do Brasil, contada como pano de fundo,
possa excluir os verdadeiros donos da terra e principais protagonistas da
história do País, já que inúmeras pesquisas arqueológicas produzidas, no
Brasil, assinalam a ocupação do território brasileiro por populações
paleoíndias há mais de 12 mil anos.
(...)
Ricardo Weibe Nascimento Costa (Weibe Tapeba)
Respeitar as
diversidades e combater as desigualdades. Fascículo 2 – Todo dia é dia de
índio. / Geovani Jacó de Freitas, Ivo Sousa, Max Maranhão Piorsky Aires,
Ricardo Weibe Nascimento Costa. – Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora Ltda.,
2009.
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