Pintura de Daniel Dalopo / CC BY-NC-SA 2.0 |
“Mais vozes precisam ser ouvidas”
Em um país onde as pessoas
homossexuais frequentemente têm que se esconder para proteger sua vida, é
preciso muita coragem para que uma ativista LGBTI adote o apelido “Bombástica”
(Bombastic, no original em inglês).
Em Uganda, a terra natal da ativista Kasha Jacqueline Nabagesera, uma pessoa
pode ser morta apenas por amar alguém. No entanto, o estupro, perseguição,
prisão e morte de inúmeras pessoas homossexuais ugandenses, não impediram a
aguerrida ativista de fundar – e de dar o seu próprio nome – a primeira revista
escrita por colegas da comunidade LGBTI e que conta suas próprias
histórias. Em agosto de 2015, foi lançada uma chamada de artigos para o
segundo número da revista.
A revista Bombastic, bem como o apelido de
Kasha, fazem referência a uma famosa canção em Uganda chamada “Mr. Lover Lover, Mr Bombastic!” do
cantor Shaggy, de origem jamaicana e estadunidense. O título da publicação
revela como a comunicação e a cultura popular têm sido fundamentais na luta
contra o ódio e preconceito em Uganda. Kasha fundou e foi presidente por dez
anos da FARUG (“Freedom and Roam Uganda”, no nome
original em inglês), a mais importante organização de direitos LGBTI da Uganda.
Desde então, ela tem aliado esforços jurídicos e políticos a ações culturais
pelo direito de existir e de se expressar publicamente da comunidade
LGBTI. Com 35 anos de idade e nascida em Kampala, Kasha descreveu que “alterar
a lei na Uganda seria um grande passo, mas que o mais importante é mudar a
mentalidade das pessoas”.
Desde a escola, quando alguns
de seus amigos cometeram suicídio como consequência do bullying, ela vem lutando pelos
direitos LGBTI no parlamento, na ONU, União Europeia e Comissão Africana. Ela
tem buscado desafiar ativamente a lei e a cultura popular para mudar tanto as
estruturas formais quanto o comportamento cotidiano das pessoas em relação às
pessoas homossexuais em Uganda. Quer ela esteja participando de debates em
fóruns de alto nível ou da criação do primeiro bar LGBTI no país, Kasha sabe
que é preciso mais do que um mero lobby político
para mudar a realidade no terreno.
O bar LGBTI acabou sendo
fechado. No entanto, de modo até mesmo mais preocupante, outras derrotas também
podem acontecer no âmbito legal. A Corte Constitucional anulou uma lei contra a
homossexualidade que foi aprovada em 2014 e que impunha pena de prisão perpétua
ao “crime de homossexualidade.” No entanto, a sentença não foi baseada em
questões de mérito, mas sim em aspectos procedimentais. Os juízes determinaram
que a falta de quórum no Parlamento tornava o projeto de lei inválido. O texto
de um novo projeto de lei, que ainda não foi formalmente apresentado, vazou
para a mídia em dezembro de 2014. Esse projeto de lei é considerado ainda mais
abrangente do que o anterior, uma vez que também inclui dispositivos legais
contra pessoas transexuais.
Esses reveses não detiveram
Kasha. Em uma entrevista exclusiva à Sur 21, Kasha falou sobre a revista Bombastic, o bar LGBTI, as leis, a
Parada do Orgulho Gay e de maneira mais ampla sobre a luta LGBTI em Uganda.
Via Revista SUR 21
Confira a entrevista clicando
AQUI.
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