Noção de alteridade
(...) reconhecer-se
no outro, mesmo que a princípio existam diferenças físicas, psíquicas e
culturais.
“Trata-se do
desafio de se respeitar as diferenças e de integrá-las em uma unidade que não as
anule, mas que ative o potencial criativo e vital da conexão entre diferentes
agentes e entre seus respectivos contextos” (FLEURI, 2003, p. 497)
(...) a intercultura
propõe-se a trabalhar e a superar a atitude de “temor” perante o “outro”
visando provocar uma leitura positiva da pluralidade cultural, social e étnica.
Por conseguinte, preconiza-se uma leitura baseada no respeito à diferença, na
paridade de direitos.
A alteridade na
educação, a educação na alteridade
“Em nossa época
líquido-moderna, o mundo em nossa volta está repartido em fragmentos
mal-coordenados, enquanto as nossas existências individuais são fatiadas numa
sucessão de episódios fragilmente conectados” (BAUMAN, 2005, p. 18-19)
Pode-se dizer,
portanto, assim que nos tempos pós-modernos as identidades multiplicam-se, ao
mesmo tempo em que se fragmentam. O homem pós-moderno ao adquirir novas facetas
identitárias, adquire também, mais um aspecto de diferenciação perante o “outro”.
O Estado no
mundo globalizado é uma entidade cada vez mais despersonalizada, no sentido, de
mediar as relações sociais sejam estas morais, econômicas ou políticas.
Isentando-se de suas obrigações originais, os indivíduos e os pressupostos
humanizantes são levadas ao abandono, enclausurando-se em refúgios
subterrâneos. Atrelada a essa realidade, tem-se que a postura da sociedade
perante o sentido de cidadania e de ética, sendo estes, esvaziados de sua conotação
de liberdade e engajamento.
Torna-se
necessário, então, criar um novo paradigma para a compreensão dos valores éticos,
principalmente, que possuam como corpo fundamental a alteridade. Os valores de dignidade
humana precisam ser resgatadas para se construir a responsabilidade para com o outro
sendo a educação intercultural um de seus caminhos decodificantes, apoiando-se
no binômio ensino-sociedade.
(...) a escola
passa a ter a função de mediar seus significados, através da compreensão da
diferença, para alcançar o aprofundamento da alteridade.
A dificuldade
que a escola manifesta na mediação da alteridade entre os estudantes
O corpo docente
e os educandos vivenciam esse micro universo de relações plurais e discriminatórias
sem, contudo, buscar o entendimento da alteridade em um âmbito maior, ou seja,
o âmbito dos mecanismos que geram a dialética da exclusão/assimilação.
(...) visualizam-se
nitidamente as dificuldades da escola em agregar a alteridade e seus fatores,
para além das questões relativas a precariedade de alguns materiais didáticos e
a formação de professores.
Como concretizar
a alteridade na prática cotidiana das escolas?
De fato, nessa
questão reside um dos problemas fundamentais para a inserção da alteridade não
só no currículo, mas, na vida de alunos e professores. O desenvolvimento de novas
atitudes na área pedagógica é fundamental para o aprofundamento da
interculturalidade não apenas como conceito, mas, principalmente, como práxis.
(...) novas
perspectivas de compreensão das diferenças, de olhar para o “outro” com suas
distinções tanto aparentes como a etnia, quanto interiorizadas como a cultura,
devem ser objeto de reflexão no campo pedagógico.
(...) ampliar a
visão para o desconhecido compreendendo que esse “outro” não é só um indivíduo
com o qual alguém se relaciona socialmente, mas também um outro que habita em
nós, pois conforme Ciampa: “essa expressão do outro que também sou eu consiste na
‘alterização’ da minha identidade, na supressão de minha identidade pressuposta
e no desenvolvimento de uma identidade posta como metamorfose constante”
(CIAMPA, 1989, p.70)
MOLAR, Jonathan de Oliveira – UEPG
Curso - História Afro e Indígena Cearenses
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