Em sua última semana na
presidência da Nigéria, Goodluck Jonathan assinou uma lei que criminaliza a
mutilação genital feminina.
De acordo com o All Africa, a lei
traz esperança de que os nigerianos “comecem a aceitar que práticas culturais e
religiosas também devem se sujeitar aos direitos humanos”.
A medida já havia sido aprovada
pelo senado do país em maio. Além da mutilação genital, a lei também proíbe o
abandono de dependentes – mulher, filhos e outros – sem condições de sustento.
Estima-se que cerca de 25% das
mulheres entre 15 e 49 anos tenham sido submetidas à prática no país. No
entanto, por se tratar do país mais populoso do continente, os números absolutos
da Nigéria estão entre os mais altos do planeta.
De acordo com o International
Business Times, especialistas afirmam que a lei pode impactar a criação de
outros dispositivos legais em outras 26 nações africanas, onde a prática ainda
ocorre.
Ainda segundo analistas ouvidos
pelo IBT, a aprovação da lei nos últimos dias de mandato de Jonathan não é uma
coincidência: enquanto ele não vai precisar encarar seu eleitorado, pois deixa
o poder nesta sexta-feira (29), Muhammadu Buhari, que assume a presidência após
uma eleição histórica, já pega o assunto, que envolve delicadas questões
religiosas e culturais, “encaminhado”.
Segundo o Guardian, há 13 anos
ativistas e grupos de defesa dos direitos humanos pressionavam o governo para
que aprovasse uma lei que proíba a prática.
Cabe agora, ao país, conciliar a
lei com práticas que façam com que os casos de mutilação genital sejam, de
fato, reduzidos. “O fim da violência contra mulheres e meninas demanda
investimentos, não apenas leis escritas em livros”, escreveu Stella Mukasa no
jornal britânico.
Considerada pela Organização das
Nações Unidas (ONU) como uma violação dos direitos humanos, esta prática
consiste em remover – parcial ou totalmente – os genitais femininos, com a
intenção de impedir que a mulher sinta prazer sexual. Não há nenhuma
justificativa médica para esse tipo de intervenção, de acordo com a Organização
Mundial da Saúde.
De acordo com dados divulgados
pela Unicef em fevereiro, há cerca de 130 milhões de mulheres e meninas vítimas
da prática vivas atualmente.
Geralmente a operação é feita de
forma rudimentar, sem anestesia e em condições de higiene “catastróficas”, de
acordo com a Desert Flower Foundation. Facas, tesouras, lâminas e até cacos de
vidro podem ser usados nos procedimentos, geralmente feitos até os 15 anos da
vítima.
Dados da Unicef mostram que a
prática se alastra principalmente na Somália e na Guiné, onde 98% e 97% da
população feminina foi mutilada, respectivamente. Caso a prática não seja
inibida, 30 milhões de mulheres podem sofrer mutilação genital na próxima
década.
A Unicef, no entanto, afirma que
a situação está melhorando, ainda que em um ritmo muito abaixo do ideal. A
chance de uma menina ser cortada hoje em dia é um terço menor do que era há 30
anos.
A OMS afirma que a mutilação
causa sérios riscos como hemorragia, tétano, infertilidade e a necessidade de
outras cirurgias para reparar o estrago.
Fonte: Brasil Post
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