A nona homenageada da Série Mulheres que
inspiram é Cícera
Andrade Ferreira de Lima.
Cícera Andrade
Ferreira de Lima
Graduada
em Ciências Sociais;
Estudante
no Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte/UFRN.
ENTREVISTA
Lucélia Muniz -
Dentro
do contexto atual, na sua opinião, quais as principais conquistas alcançadas
pelas mulheres?
Cícera Andrade - Muitas foram,
são e serão as conquistas que teremos, mas gostaria aqui de destacar, o voto
feminino conquistado, no ano de 1932, que de certa forma, possibilitou, ainda
que precariamente, nossa participação política na sociedade, num contexto
fortemente marcado pela dominação masculina. O alargamento do acesso ao ensino
superior, e consequentemente, a sua atuação nos diferentes espaços do mercado
de trabalho. E por último, a aprovação da Lei Maria da Penha, Lei
nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, que tende ao emponderamento das
mulheres na não aceitação da sua condição de submissa à figura masculina.
Lucélia Muniz - E você, qual sua principal conquista
enquanto mulher?
Cícera Andrade - A minha
independência conquistada, fundamentalmente, pela minha formação profissional
em Ciências Sociais, esta que não só me permitiu adentrar no mercado de
trabalho, mas também pensar-me enquanto mulher, como sujeito histórico que
questiona a sua própria condição e que luta para transformar o mundo a sua
volta, especialmente, no que concerne a luta pelo espaço da mulher na sociedade.
Lucélia Muniz - Em pleno século XXI, quais situações
ainda são enfrentadas pelas mulheres? Seja na questão de gênero, na falta de
políticas públicas e/ou no contexto socioeconômico.
Cícera Andrade - Mesmo com a
aprovação da Lei Maria da Penha, vale destacar, ainda, a violência contra a
mulher; a desigualdade profissional, principalmente, no que se refere a
diferença salarial em alguns setores do mercado de trabalho; a desqualificação
da mulher por parte da mídia, que muito reproduz valores tradicionais, ou seja,
a condição de submissão da mulher na sociedade. E, por conseguinte, gostaria de
destacar, a importância de uma maior atuação dessas mulheres nos diferentes
setores sociais, como nas atividades relacionadas ao Estado, Acredito que uma
maior participação delas, poderia ser de grande importância na luta por mais
direitos.
Lucélia Muniz - E como a Educação pode ser usada como uma
“arma” no combate a estas situações?
Cícera Andrade - Em todos os
sentidos, acredito ser a educação o maior instrumento de luta que podemos ter,
uma vez que ela pode garantir a formação crítica de mulheres e homens, e que a
partir daí, irão questionar como as sociedades classificam desigualmente uns
sujeitos e outros, numa dada estrutura social. Além do mais, é por intermédio
da educação que essas mulheres se formam profissionalmente e passam a ocupar
determinados espaços, que até algum tempo atrás não se acreditava ocupar. Nesse
sentido, vejo na educação a possibilidade da tomada de consciência que
implicará na atualização das crenças e valores morais que possibilitará a
construção de uma nova sociedade.
Lucélia Muniz - Deixe-nos uma mensagem neste Dia
Internacional da Mulher.
Cícera Andrade - A nós mulheres,
quero dizer, que a luta é árdua, os desafios são enormes, mas que sem essa
luta, sem uma perspectiva de transformação nunca seremos completas, não
seremos, de fato, mulheres. E se não nascemos mulheres, mas nos tornamos como
já afirmara Simone de Beauvoir, pois que sejamos as mulheres que desejamos
ser!!
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