Houve um tempo em que eu não
acreditava em milagres...
Olhava para o mundo ao meu
redor sem enxergar o extraordinário da vida.
Nesse tempo, uma flor era uma
flor. Uma estrela era uma estrela.
Não me causava espanto o
encanto e a perfeição do Universo.
O sorriso de um dia
amanhecendo não enchia meu peito de luz.
A serenidade da chuva caindo
não me fazia repensar a vida.
A persistência de uma árvore
resistindo ao vento não me motivava a ser forte.
A sinuosidade perfeita de um
caminho não me inspirava a seguir em frente.
Nesse tempo eu andava pelo
mundo como quem está cego para o essencial da vida.
Mais tarde compreendi que só
quem acredita pode ver um milagre.
E que os milagres estão por
toda parte, basta abrir os olhos para crer...
Estar vivo.
Respirar.
Adormecer.
Acordar.
Sentir o coração bater.
Milagres acontecem todos os
dias, em todas as esquinas, jardins e oceanos.
Mas, para serem vistos, é
preciso alargar os horizontes dos olhos e do coração.
Porque um milagre visto ou
sentido de longe pode se disfarçar de banal e corriqueiro, desimportante mesmo.
Mas um milagre, quando
observado rente ao olho, é deslumbramento infinito.
E depois, quando você olha
para o comum e vê nele um milagre, eles se multiplicam à sua volta...
Uma gota de chuva.
Um floco de neve.
Um grão de areia.
Um raio de sol.
Aos poucos fui percebendo que
há milagre também quando algo impossível um instante atrás se afirma diante de
nós.
É acreditar desacreditando,
para redobrar o espanto de comprovar depois.
Porque, se você duvidar de
coração, vai conseguir perceber...
Gerar uma vida.
Escapar da morte.
Ter fé.
Amar e ser amado.
Perceber a mão de Deus agindo
sobre nós.
De vez em quando eu me
perguntava se o milagre estaria apenas nos olhos de quem o vê e no coração de quem
o sente.
Porque tem gente que parece
nascida para encontrar milagres em todo canto.
Tem quem carregue milagre no
bolso, na aba do chapéu, ali, escancarados para qualquer um ver.
Mas eu fico pensando que
pessoas assim talvez sejam, elas mesmas, um milagre...
Uma criança.
Um velho.
Um sábio.
Um palhaço.
Um poeta.
A essa altura, eu já me
questionava... Porque será que algumas pessoas precisam passar por
situações-limite para ver e crer em milagres?
Pois 1% da sua esperança,
para Deus, é 100% de chance de cura.
Para quem acredita, uma
pequena probabilidade é certeza absoluta.
Para quem tem fé no que
busca, acreditar é o mesmo que conseguir.
Quantas pessoas que hoje veem
seu filho correr pela casa se lembram do médico lhes dizendo que jamais
poderiam gerar uma criança?
Quantas pessoas quase
acreditaram em quem duvidava delas, achando que seus sonhos eram impossíveis, e
hoje estão realizadas e felizes com o caminho escolhido?
O milagre existe para mostrar
que os limites humanos podem ser ultrapassados. É nessa lógica que devemos
acreditar.
Quando todas as tentativas
fracassam, quando a força acaba... Deus surge e faz o milagre.
Mesmo assim, há quem não
acredite...
Para acreditar é preciso
imaginar. Só quem imagina um milagre é livre para sonhar e realizar o impossível...
Descobrir o fogo.
Atravessar oceanos.
Construir civilizações.
Voar.
Conquistar a Lua.
Hoje eu acredito em milagres!
E preciso que você também acredite.
Porque o milagre preenche de
sentido o caos do mundo.
Quem acredita em milagres tem
a capacidade de ver o invisível.
Quem acredita só naquilo que
vê já está deixando de ver muita coisa.
Olhe em volta e você verá que
existe um milhão de motivos para acreditar em milagres.
E se não puder acreditar de
coração, pelo menos que faça como o poeta...
“Se podes ver, olha. Se podes
olhar, repara.” José Saramago
Seja qual for o lugar aonde
você quer chegar, acreditar te leva lá!
Da Via Láctea ao fundo do
mar.
Da flor da pele ao coração.
Do centro da Terra ao topo
das montanhas.
Os milagres existem.
É só abrir os olhos e a alma
para ver!
E a vida... Ah, a vida é
muito mais plena de sentido para quem acredita em milagres!
CAVALCANTE, Anderson. Você acredita em milagres? Rio de
Janeiro: Sextante, 2011.
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