É
importante lembrarmos que a dependência de drogas (ou
fármaco-dependência) é a organização processual de um sintoma
cuja gênese é tridimensional: a substância psicoativacom suas
propriedades farmacológicas específicas; o sujeito, com suas
características de personalidade e sua singularidade biológica; e,
finalmente, o contexto socioculturalno qual se realiza esse encontro
entre sujeito e droga.
Uma
droga pode ser utilizada com diferentes finalidades, configurando
diferentes propósitos: uso recreacional, uso em contextos rituais
(religioso, por exemplo), uso terapêutico, ou uso como fuga de uma
realidade insuportável. Tomando como exemplo diferentes contextos e
finalidades no consumo de álcool, uma pessoa pode consumir álcool
socialmente em um encontro com amigos, em contexto ritual (o vinho,
na qualidade de símbolo do “sangue de Cristo”, na liturgia
cristã), como tentativa de relaxar ou diminuir a ansiedade ao final
de um dia difícil oupara não pensar em problemas pessoais de
difícil resolução (fuga de uma realidade). São exemplos de
diferentes contextos em que o mesmo sujeito pode fazer usos
completamente distintos de um mesmo produto (no caso, o álcool).
Quanto
a substância, devemos considerar sua forma de apresentação,
acessibilidade e custo; diferentes modos de uso (ingerida, inalada,
fumada, injetada); suas características farmacológicas, incluindo o
potencial para gerar dependência e seus efeitos fisiológicos.
Rápido início de ação e efeito intenso estão relacionados a
maior potencial de dependência. Substâncias que são eliminadas
rapidamente do sangue desencadeiam síndromes de abstinência mais
intensas (por essa razão, por exemplo, uma substância fumada ou
injetada tem maior risco de induzir dependência do que um produto
ingerido ou aspirado).
Síndrome
de dependência
Um
diagnóstico definitivo de dependência deve usualmente ser feito
somente se três ou mais dos seguintes requisitos tenham sido
apresenta dos durante a maior parte do tempo, no período de um ano:
1.
forte desejo ou compulsão para consumir a substância;
2.
dificuldades em controlar o comportamento de consumir a substância
em termos do seu início, término ou níveis (quantidade) de
consumo;
3.
estado de abstinência fisiológico quando o uso da substância
cessou ou foi reduzido, evidenciado por: síndrome de abstinência
característica para a substância, ou o uso da mesma substância com
a intenção de aliviar ou evitar esses sintomas de abstinência;
4.
evidência de tolerância, em que quantidades crescentes da
substância psicoativa são requeridas para alcançar os efeitos
originalmente produzidos por doses mais baixas;
5.
abandono progressivo de prazeres ou interesses alternativos em favor
do uso da substância psicoativa; aumento da quantidade de tempo
necessário para obter ou consumir a substância ou para se recuperar
de seus efeitos;
6.
persistência no uso da substância, a despeito de evidência clara
de
consequências
manifestamente danosas.
Em
muitos casos, a própria razão que levou o sujeito a se tornar
dependente de uma droga foi uma tentativa de alívio dos sintomas de
um transtorno mental, por exemplo. Os quadros mais frequentemente
associados ao uso abusivo de drogas são os transtornos afetivos
(sobretudo depressão), transtornos de ansiedade (incluindo pânico e
fobia social), transtornos cognitivos (sobretudo o transtorno do
déficit de atenção) e as psicoses.
O
que é dependência?
Dependência
é o impulso que leva a pessoa a usar uma droga de forma contínua
(sempre) ou periódica para obter prazer.
Alguns
sujeitos podem também fazer uso constante de uma droga para aliviar
tensões, ansiedades, medos, sensações físicas desagradáveis,
entre outras justificativas. O dependente caracteriza-se por não
conseguir controlar o consumo de drogas, agindo de forma impulsiva e
repetitiva.
Com
os medicamentos existentes atualmente, a maioria dos casos
relacionados à dependência física podem ser tratados. Por outro
lado, o que quase sempre faz com que uma pessoa volte a usar drogas é
a dependência psicológica, de difícil tratamento e que
habitualmente não pode ser resolvida de forma relativamente rápida
e simples como a dependência física.
Na
dependência, o usuário utiliza a droga geralmente de forma
frequente e excessiva, com prejuízos dos vínculos afetivos e
sociais. Não consegue parar quando quer. Quando se instala a
dependência, a pessoa não consegue largar a droga por duas
possíveis razões:
a.
porque o organismo acostumou-se com a substância, e sua ausência
provoca sintomas físicos (quadro conhecido como síndrome da
abstinência); e/ou
b.
porque a pessoa se habituou a viver sob os efeitos da droga, sentindo
um grande impulso a usá-la com frequência (em geral descrito como
“fissura”.
Overdose:
dose excessiva de uma droga, com graves implicações físicas e
psíquicas, podendo levar à morte, geralmente por parada
respiratória e/ou cardíaca.
FONTE:
Curso
Prevenção dos Problemas Relacionados ao Uso de Drogas: Capacitação
para Conselheiros e Lideranças Comunitárias - 6ª edição,
promovido pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas do
Ministério da Justiça (SENAD-MJ) e executado pelo Núcleo
Multiprojetos de Tecnologia Educacional da Universidade Federal de
Santa Catarina (NUTE-UFSC).
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