O
consumo de substâncias psicoativas é um fenômeno que acompanha a
civilização; ou seja, sempre existiu, em todas as culturas humanas,
o uso de produtos que alteram os estados de consciência. Desde
épocas remotas, as drogas são utilizadas em rituais religiosos ou
místicos; ou ainda, mais recentemente, em movimentos socioculturais.
O padrão de uso será sempre expressão do contexto cultural.
As
drogas, conceituadas como substâncias psicoativas, à medida que
alteram as funções do Sistema Nervoso Central, no que se refere às
sensações, ao grau de consciência ou ao estado emocional,
respondem, de
certa
maneira, às exigências do contexto sociocultural, pois oferecem, em
seus efeitos, uma resposta imediata e muito intensa a quem as
consome, produzindo sensações de prazer e modificando a relação
do sujeito com o mundo, ainda que, em pouco tempo, cessem seus
efeitos, o que desencadeia a procura por novas doses, gerando uma
nova necessidade de consumo. Elas respondem, assim, à compulsão do
consumo da contemporaneidade. Da mesma forma, preenchem, por alguns
instantes, o vazio existencial produzido pela falta de perspectivas
de vida, ainda que seja uma falsa doação de sentido, pois este fica
na dependência do consumo da substância.
Efetivamente,
nas alterações socioculturais da contemporaneidade, as drogas –
sejam as lícitas, sejam as ilícitas – ocupam um papel central na
dinâmica social, presente em vários cenários sociais e em
distintas classes, estando relacionadas às primeiras causas mortis
evitáveis no mundo e ao atuante cenário da violência urbana, de
conflitos psicossociais, das faltas ao trabalho. Importa, no entanto,
o entendimento de que os vários aspectos implicados na constituição
da situação do uso de drogas exigem um olhar mais abrangente.
As
atividades de prevenção devem ser prioritárias nas políticas
públicas sobre drogas, pois almejam intervir no contexto social para
evitar que o consumo problemático de drogas se converta em um
problema social de grande magnitude, baixando o custo social
decorrente.
Partindo
da compreensão da multideterminação do fenômeno do uso de drogas,
implicando a relação entre os seus três elementos centrais: os
contextos, os sujeitos e as drogas.
Na
dimensão do contexto, é necessária a compreensão dos aspectos
socioculturais envolvidos no uso de drogas.
Na
dimensão do sujeito, é importante construir a concepção da
integralidade, compreendendo-o em suas múltiplas determinações
biopsicossociais e suas mútuas implicações.
Na
dimensão da droga, faz-se necessário compreender as características
das diversas substâncias psicoativas na interação com os sujeitos.
As drogas, com seus diferentes mecanismos de ação no sistema
nervoso central, levam a distintos efeitos: estimulantes, depressoras
ou perturbadoras, sendo que sua intensidade depende da interação
com fatores, tais como a quantidade e qualidade da droga, via e
padrão de consumo, condições ambientais e psicossociais, além das
expectativas daquele que dela faz uso.
De
modo geral, considera que as práticas de saúde voltadas para os
usuários e substâncias psicoativas devem ter como objetivo diminuir
vulnerabilidades psicossociais, ao controlar fatores de risco e
fortalecer fatores de proteção relacionados aos contextos do uso de
drogas, a fim de possibilitar a reconstrução de laços sociais,
colocando-se como base da formulação de ações de promoção de
saúde e prevenção de riscos no âmbito dos problemas relacionados
ao uso de drogas.
FONTE:
Curso
Prevenção dos Problemas Relacionados ao Uso de Drogas: Capacitação
para Conselheiros e Lideranças Comunitárias - 6ª edição,
promovido pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas do
Ministério da Justiça (SENAD-MJ) e executado pelo Núcleo
Multiprojetos de Tecnologia Educacional da Universidade Federal de
Santa Catarina (NUTE-UFSC).
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