Depressão é uma palavra frequentemente usada para descrever nossos sentimentos.
Todos se sentem "para baixo" de vez em quando, ou de alto astral às
vezes e tais sentimentos são normais. A depressão, enquanto evento psiquiátrico
é algo bastante diferente: é uma doença como outra qualquer que exige
tratamento.
(...)
Ninguém sabe o que um deprimido sente,
só ele mesmo e talvez quem tenha passado por isso. Nem o psiquiatra sabe: ele
reconhece os sintomas e sabe tratar, mas isso não faz com que ele conheça os
sentimentos e o sofrimento do seu paciente.
Os sintomas da depressão são muito variados, indo
desde as sensações de tristeza, passando pelos pensamentos negativos até as
alterações da sensação corporal como dores e enjoos. Contudo para se fazer o
diagnóstico é necessário um grupo de sintomas centrais:
Perda de energia ou interesse;
Humor deprimido;
Dificuldade de concentração;
Alterações do apetite e do sono;
Lentificação das atividades físicas e mentais;
Sentimento de pesar ou fracasso.
Os sintomas corporais mais comuns são sensação de
desconforto no batimento cardíaco, constipação, dores de cabeça, dificuldades
digestivas. Períodos de melhoria e piora são comuns, o que cria a falsa
impressão de que se está melhorando sozinho quando durante alguns dias o
paciente sente-se bem. Geralmente tudo se passa gradualmente, não
necessariamente com todos os sintomas simultâneos, aliás, é difícil ver todos
os sintomas juntos. Até que se faça o diagnóstico praticamente todas as pessoas
possuem explicações para o que está acontecendo com elas, julgando sempre ser
um problema passageiro.
Pessimismo;
Dificuldade de tomar decisões;
Dificuldade para começar a fazer suas tarefas;
Irritabilidade ou impaciência;
Inquietação;
Achar que não vale a pena viver; desejo de morrer;
Chorar à-toa;
Dificuldade para chorar;
Sensação de que nunca vai melhorar, desesperança...
Dificuldade de terminar as coisas que começou;
Sentimento de pena de si mesmo;
Persistência de pensamentos negativos;
Queixas frequentes;
Sentimentos de culpa injustificáveis;
Boca ressecada, constipação, perda de peso e
apetite, insônia, perda do desejo sexual.
Basicamente existem as depressões monopolares (este
não é um termo usado oficialmente) e a depressão bipolar (este termo é
oficial). O transtorno afetivo bipolar se caracteriza pela alternância de fases
deprimidas com maníacas, de exaltação, alegria ou irritação do humor. A
depressão monopolar só tem fases depressivas.
Para afirmarmos que o paciente está deprimido temos
que afirmar que ele sente-se triste a maior parte do dia quase todos os dias,
não tem tanto prazer ou interesse pelas atividades que apreciava, não consegue
ficar parado e pelo contrário movimenta-se mais lentamente que o habitual.
Passa a ter sentimentos inapropriados de desesperança desprezando-se como
pessoa e até mesmo se culpando pela doença ou pelo problema dos outros,
sentindo-se um peso morto na família. Com isso, apesar de ser uma doença
potencialmente fatal, surgem pensamentos de suicídio. Esse quadro deve durar
pelo menos duas semanas para que possamos dizer que o paciente está deprimido.
A causa exata da depressão permanece desconhecida.
A explicação mais provavelmente correta é o desequilíbrio bioquímico dos
neurônios responsáveis pelo controle do estado de humor. Esta afirmação
baseia-se na comprovada eficácia dos antidepressivos. O fato de ser um
desequilíbrio bioquímico não exclui tratamentos não farmacológicos. O uso
continuado da palavra pode levar a pessoa a obter uma compensação bioquímica. Apesar
disso nunca ter sido provado, o contrário também nunca foi.
Eventos desencadeantes são muito estudados e de
fato encontra-se relação entre certos acontecimentos estressantes na vida das
pessoas e o início de um episódio depressivo. Contudo tais eventos não podem
ser responsabilizados pela manutenção da depressão. Na prática a maioria das
pessoas que sofre um revés se recupera com o tempo. Se os reveses da vida
causassem depressão todas as pessoas a eles submetidos estariam deprimidas e
não é isto o que se observa. Os eventos estressantes provavelmente disparam a
depressão nas pessoas predispostas, vulneráveis. Exemplos de eventos
estressantes são perda de pessoa querida, perda de emprego, mudança de
habitação contra vontade, doença grave, pequenas contrariedades não são
consideradas como eventos fortes o suficiente para desencadear depressão. O que
torna as pessoas vulneráveis ainda é objeto de estudos. A influência genética
como em toda medicina é muito estudada. Trabalhos recentes mostram que mais do
que a influência genética, o ambiente durante a infância pode predispor mais as
pessoas. O fator genético é fundamental uma vez que os gêmeos idênticos ficam
mais deprimidos do que os gêmeos não idênticos.
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