Como nos demais períodos históricos –
anteriores ou posteriores -, porém, especialmente neste, as mulheres negras
foram peças-chave para manutenção das comunidades negras e seu legado cultural.
Suas histórias, personalidades e as diferentes formas de luta que criaram para
enfrentar (e vencer) o domínio senhorial, são alguns dos elementos forjadores
da identidade feminina negra.
Xica
da Silva
Não
se sabe a data de nascimento de Francisca da Silva, sabe-se que ela era filha
de uma mulher negra com um português, chamados Maria da Costa e Antônio Caetano
de Sá, respectivamente.
O
primeiro filho de Chica teve como pai o médico português Manuel Pires Sardinha,
que o reconheceu como filho bastardo em seu testamento, em 1755, nomeando-o
como um de seus herdeiros.
A
carta de alforria de Chica, foi assinada pelo então desembargador João
Fernandes de Oliveira, com quem passou a viver maritalmente, não eram casados
pois a legislação não permitia casamento entre senhores brancos e negras
forras. Passaram a viver na região de Vila do Príncipe e do Tejuco, onde o Sr.
João Fernandes administrava o contrato para extração de diamantes concedido
pela Coroa a seu pai.
Chica
ficou reconhecida na região como a Chica que manda, já em 1754 possuía um
sobrado e alguns escravos. Sua casa ficava na rua do Bonfim, local prestigiado
do arraial, com uma capela própria, possuía ainda, nos arredores do Tejuco uma
espécie de castelo, a chácara de Palha, com capela e teatro.
Entre
1755 e 1770 tiveram 13 filhos. Chica fez questão de educar suas nove filhas no
Recolhimento de Macaúbas, melhor educandário da região das Minas. Cinco de suas
filhas fizeram os votos e se tornaram freiras, as outras largaram o hábito para
se casar.
Em
1771, João Fernandes teve que se ausentar do Brasil, convocado pela coroa para
prestar contas sobre a acusação de violar regras do contrato que tinha com a
corte, mas retornou a colônia algum tempo depois.
Durante
a ausência de João Fernandes Chica buscou vários meios para a manutenção de sua
condição. Associou-se a várias Irmandades, que eram entidades que agregavam
indivíduos de mesma origem e condição, o que lhe proporcionava uma forma de
obter distinção e reconhecimento social. Na Irmandade das Mêrces, que
congregava pardos, Chica, chegou a ser juíza. No livro da Irmandade do
santíssimo do tejuco, existem dezenas de registros de pagamentos feitos por
Chica para viabilizar casamentos, batismos e enterros de seus escravos. João
Fernandes faleceu em Lisboa, em 1779.
Chica
da Silva se utilizou dos meios disponíveis às mulheres escravas, que eram a
maioria alforriada. De acordo com o censo 1738 elas constituíam 65% do total de
387 forros, contra 37% dos homens. Ao longo de sua trajetória, ela agiu de
forma a diminuir o preconceito que a cor e a escravidão lhe conferiam, para
isso promoveu a ascensão social de seus filhos. Seu filho João Fernandes
tornou-se o principal herdeiro do pai tendo recebido dois terços de seus bens.
José Agostinho tornou-se padre, e o pai deixou-lhe uma renda para que
constituísse uma capela. Simão Pires sardinha estudou em Roma, comprou um
título de nobreza e uma patente de tenente-coronel da cavalaria de Minas
Gerais.
Chica
da Silva morreu no dia 15 de fevereiro de 1796, no Tejuco. Foi enterrada na
Igreja de São Francisco de Assis, cuja irmandade era reservada a elite branca
do arraial, o que demostra sua importância e prestígio.
Fonte:
Dicionário Mulheres do Brasil - de 1500 até a atualidade biográfico e ilustrado. Organizado por Schuma Schumaher e Érico Vital Brazil. Jorge Zahar Editor, RJ, 2000.
Dicionário Mulheres do Brasil - de 1500 até a atualidade biográfico e ilustrado. Organizado por Schuma Schumaher e Érico Vital Brazil. Jorge Zahar Editor, RJ, 2000.
Para
Ver:
Xica
da Silva - filme dirigido por Cacá Diegues de 1976.
Acesso em 08 de Novembro de 2012.
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