Alunos
da educação infantil e do ensino fundamental e médio das escolas públicas
brasileiras receberão em 2012, livros didáticos sobre a história e cultura
africana e afro-brasileira. As obras serão distribuídas em 150 mil escolas com
o objetivo de proporcionar aos alunos a compreensão do desenvolvimento
histórico e uma visão objetiva dos povos do continente africano.
O
material é baseado na Coleção História Geral da África lançada em 2010, uma
parceria entre a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura
(Unesco) e o Ministério da Educação (MEC). As instituições receberão dois
livros síntese para subsidiar o trabalho dos professores no ensino de conteúdos
relacionados à história, cultura, economia, política e arte negra.
Viviane
Fernandes, diretora de Políticas para Educação no Campo e Diversidade do MEC,
explica que o Conselho Nacional de Educação publica diretrizes curriculares
nacionais para o ensino da história e cultura afro-brasileira e a partir de
então inicia-se todo um processo que envolve formação de professores, gestores
e elaboração de materiais didáticos pedagógicos específicos para tratar desse
tema. “É necessária a inserção do tema em toda educação básica para combater o
racismo e valorizar o negro dentro das escolas”.
A
inclusão da temática História e Cultura Afro-brasileira no currículo da
educação básica das escolas públicas e particulares está prevista na Lei
nº10.639/ 2003. Além da história da África e dos africanos, o conteúdo
deve incluir a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro
na formação da sociedade nacional.
Segundo
a diretora, ainda existe uma grande diferença de escolaridade entre as pessoas,
com mais de 15 anos, entre a população negra e os não negros. A escolaridade é
de 8,4 anos de estudo entre os não negros e 6,6 anos entre os negros. “Só que
apesar dessa diferença, o avanço na escolaridade dos negros tem sido mais
rápido em relação à dos não negros De 2004 a 2009 houve crescimento de 9% em
anos de estudos entre os não negros e entre os negros foi de 14,5%”,
compara.
No
entanto, Viviane Faria comenta que o Brasil ainda tem uma dívida social com os
afrodescendentes que enfrentam desde a infância preconceito por sua cor,
cabelo, condição social e dificuldades de acesso às universidades. “Se o
analfabetismo é maior entre os negros e os maiores índices de pobreza estão
entre os não brancos, vamos ver claramente que a pobreza e as dificuldades
salariais e de acesso à universidade têm cor no Brasil. E essa cor é negra.
Então precisamos, sim, enfrentar esse racismo na escola e na sociedade”,
afirma.
Acesso em 29 de novembro de 2011.
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