Lucélia
Muniz
Ubuntu
Notícias, 21 de março de 2018
*Ana Beatriz Alexandrino é natural de Crato-CE, reside em Nova Olinda-CE.
*Professora
com formação em Letras Português/Inglês pela Universidade Regional do Cariri-URCA.
Entrevista
Ubuntu Notícias - Dentro do contexto atual, na sua opinião, quais as
principais conquistas alcançadas pelas mulheres?
Bia Alexandrino - É necessário antes de tudo que eu como mulher negra
faça um recorte racial dessas conquistas. Não anulo que as mulheres no geral conseguiram
às custas de muita luta, sangue e suor, direitos básicos como o acesso à
educação, o direito ao voto, a entrada e permanência em cargos ou papéis sociais
antes tidos como papéis e cargos “masculinos”.
Mas por conta da escravidão e do racismo nós mulheres negras tivemos
acesso a esses direitos bem tardiamente.
Ubuntu Notícias - E você, qual sua principal conquista enquanto
mulher?
Bia Alexandrino - Minha principal conquista enquanto mulher, foi a minha
graduação. Minha entrada no curso de Letras pode me abrir várias portas tanto
para o crescimento profissional como intelectual e social. Lá eu pude ter
acesso a discussões sobre gênero e raça e assim pude me posicionar na sociedade
enquanto mulher negra, podendo assim levar esse debate para minha sala de aula
e meus círculos sociais fora da universidade. Podendo assim contribuir ainda
que minimamente para com a luta de classe, raça e a luta das mulheres.
Ubuntu Notícias - Em pleno século XXI, quais situações ainda são
enfrentadas pelas mulheres? Seja na questão de gênero, na falta de políticas
públicas e/ou no contexto socioeconômico.
Bia Alexandrino - As situações são muitas e é uma lista muito extensa.
Na questão de gênero somos o tempo todo subjugadas, subestimadas, assediadas,
violentadas de todas as formas possíveis. E, a falta de políticas públicas que
atendam às necessidades principalmente das mulheres pobres, só contribuem para
que a violência contra a mulher se perpetue e muitas vezes até seja legitimada.
Dentro de um contexto socioeconômico é visível a desigualdade entre homens e
mulheres, nós mulheres somos sempre as que acabam ganhando menos pelo mesmo
trabalho que homens desempenham. É preciso
levar em conta também que a maioria das mulheres que estão inseridas no mercado
de trabalho além de estarem trabalhando fora de casa desempenha um papel e
trabalham também dentro de suas casas, já que a sociedade extremamente
patriarcal atribui apenas a mulher a responsabilidade das tarefas domésticas. No
final acabamos trabalhando muito mais que os homens e ganhando sempre menos que
eles. Essa problemática levada para um viés racial é ainda pior. Por falta de
oportunidades, as mulheres negras em sua maioria, sempre ficam com os
subempregos ou cargos mais baixos em comparação as mulheres não negras.
Ubuntu Notícias - E como a Educação pode ser usada como uma “arma” no
combate a estas situações?
Bia Alexandrino - Em dois sentidos: o primeiro na possibilidade da
mulher através do estudo e da formação adquirir sua independência intelectual e
por consequência financeira. A educação deve ou deveria ser uma aliada para o
empoderamento feminino, uso palavra empoderamento no sentido real de dar poder
as mulheres, dar voz e espaço a nós em todos os âmbitos social, econômico, político,
etc. O segundo, no geral, na totalidade da sociedade, é necessário que nas
escolas haja um debate de igualdade de gêneros, para que os jovens,
principalmente os homens, entendam e compreendam o papel da mulher na sociedade.
Um debate onde nossos meninos aprendam a respeitar e se colocar no lugar da
mulher e que eles percebam o seu lugar de privilegiados. Eu penso que a
educação é a melhor forma para se resolver qualquer problema. O conhecimento e
esclarecimento é fundamental para que se possa chegar a um ideal de sociedade.
Ubuntu Notícias - Deixe-nos uma mensagem neste Dia Internacional da
Mulher.
Bia Alexandrino - Quero dizer a todas as mulheres que somos nós por
nós. Muitas já avançaram degraus e as
que avançaram não se esqueçam das que ainda estão tentando subir ou se quer
sabem que podem subir. Vamos nos apoiar, nos cuidar. Finalizo com um provérbio
feminino africano: “Uma sobe, e puxa a
outra”.
PARABÉNS PELA A MULHER QUE VOCÊ É HOJE!
ResponderExcluirASS:NAYANE E BRUNA
Excelente historia de vida , Por mais que a vida lhe coloque para baixo e seus pensamentos a vida sempre mostra que você e melhor e que é capaz de tudo basta acreditar no seu potencial e se dedicar para se superar A a cada dia .Germano Chavier
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