Há muito preconceito em torno das identidades de gênero. Você já se
perguntou o que é ser transgênero? Vale lembrar que a falta de conhecimento não
deixa de alimentar a intolerância.
Para
a maioria das pessoas, quando se fala em gênero, há dois papéis estabelecidos:
o homem e a mulher. Sua constituição e comportamento estão primordialmente
ligados ao sexo biológico. Um transgênero seria justamente aquele que não se
identifica, nem se expressa, segundo o "esperado" para o seu gênero
sexual.
Quem
é transgênero normalmente tem a sensação de estar no corpo errado, sofrendo um
desconforto constante em relação ao próprio sexo. Depois de ver alguns capítulos da novela “A
Força do Querer” de Gloria Perez observando o contexto em que foi criado a
personagem Ivana resolvi fazer esta matéria. Essa personagem interpretada pela
atriz Carol Duarte se descobre como transgênero e vive muitos dilemas diante de
suas escolhas.
Então,
convidei a transgênero novolindense, Dhafinny Angel Arrais, para uma conversa
sobre o tema e também conhecer um pouco de sua história de vida que
compartilharei com vocês através desta matéria.
Antonio Adailton Ferreira da Silva, 21 anos de idade, de nome social Dhafinny
Angel Arrais é novolindense e reside no Bairro Nossa Senhora de Fátima. Ela
disse que se percebeu como transgênero ao final do ensino médio cursado na EEM
Padre Luís Filgueiras onde teve apoio e o respeito de todos e disse ter aceitação
neste ambiente escolar.
Concluiu o ensino médio, está fazendo curso profissionalizante em
informática e trabalha em casa de família. Para o futuro tem planos de cursar
Artes Cênicas uma área que se identifica.
Mesmo Nova Olinda sendo um município pequeno a mesma afirma que foi mais
fácil assumir-se aqui onde já se identificava como gay até descobrir-se
transgênero, pois as pessoas já sabiam da sua orientação sexual.
Quanto a sua relação com a família disse que assim como acontecesse com
muitos foi bem difícil. A aceitação da família demorou, mas acabou acontecendo
tanto da parte dos pais quanto dos seis irmãos. Ela disse que o pai aceitou
logo e a mãe foi mais resistente, pois tinha medo das críticas.
Ela diz estar satisfeita com seu corpo e mesmo com todas as alternativas
oferecidas através da medicina não pensa em fazer nenhuma modificação em seu
corpo.
Diz relacionar-se normalmente e no momento está namorando. Destacou que
existem homens que respeitam e homens que fingem respeitar, mas que dá pra
perceber até mesmo no olhar, afirmou Dhafinny.
Falou que desde criança sentia-se "afeminado e gostava do que as mulheres
gostam". Disse ainda que muitas amizades lhe fortaleceram na hora de tomar
determinadas escolhas e uma amiga transgênero em especial teria sido sua
referência.
Quanto as escolhas ela diz que cada um deve se aceitar e se achar feliz
com o que é... tacar a cara e se jogar! Afinal, o que importa é a gente ser
feliz, disse Dhafinny.
Quanto ao preconceito afirmou que tem muitos amigos que não se assumem
como gostariam por conta dos preconceitos que enfrentariam na sociedade. Ainda
disse já ter ouvido muitas críticas, mas deixa pra lá e não se sente
intimidada.
No entanto, tem um ciclo de amizades e conhece pessoas que a apoiam e
aconselham onde constrói relações afetuosas. Para cuidar do corpo faz academia,
toma hormônios e não descuida da saúde. Começou com os exercícios na academia onde
definiu a musculatura e só bem depois foi que começou com os hormônios. E,
destaca algumas mudanças já visíveis em seu corpo como a face (o rosto), a voz,
o aumentou do quadril e dos seios.
Ao final deixou um recado para as pessoas que ainda não se assumiram ou
por medo da sociedade ou por receio da reação da família: “Poderiam se amar mais e ver que o importante é ser feliz. Eu não
deixaria de ser o que sou para ser o que a sociedade quer... Eu prefiro me
olhar no espelho, me amar mais, ter amor próprio e dizer eu sou o que sou e sou
feliz.”
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